O primeiro-ministro inicia na terça-feira uma visita de dois dias à Coreia do Sul, com uma agenda sobretudo económica, sendo a terceira de um chefe de Estado ou de Governo português após as de António Guterres e Cavaco Silva.
António Costa chega a Seul acompanhado pelos ministros da Economia, António Costa Silva, da Ciência e Ensino Superior, Elvira Fortunato, e das Infraestruturas, João Galamba, e pelo secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Francisco André.
O primeiro dia de agenda do primeiro-ministro português na Coreia do Sul, país que é décima maior economia do mundo e a quarta da Ásia, é totalmente dedicado à economia.
Ao início da tarde, terá uma reunião com o grupo Hanwha, uma das empresas vencedoras do segundo leilão solar em Portugal, no qual conseguiu seis dos doze lotes a concurso para desenvolver projetos fotovoltaicos no Algarve e no Alentejo.
Visita depois a Hynix. Esta empresa e a também sul-coreana Samsung Eletronics ocupam respetivamente o terceiro e segundo lugar no ranking mundial dos maiores fabricantes de semicondutores.
O primeiro dia da visita de António Costa terminará com um jantar com as multinacionais grupo SK, Hyundai Motors, Lotte (turismo, construção civil e distribuição), CS Wind (energias renováveis) e Hanon. Deste grupo de empresas, a CS Wind, que é a maior produtora mundial de torres eólicas, já anunciou que pretende duplicar o efetivo laboral em Portugal para mais de mil pessoas e quer quintuplicar a faturação da sua subsidiária para 400 milhões de euros em 2025.
A parte institucional e política do programa do líder do executivo português acontecerá na quarta-feira, após discursar num fórum de negócios Portugal/Coreia do Sul.
Segundo fonte diplomática, ao nível de primeiros-ministros, a visita de António Costa à Coreia do Sul, que foi adiada várias vezes por causa da pandemia da covid-19, “quebra um interregno de 23 anos”, altura em que o então chefe do Governo português, António Guterres, esteve neste país.
Em 2000, pouco depois de concretizada a transferência da administração de Macau para a República Popular da China, António Guterres esteve em Seul também com uma agenda sobretudo económica, numa altura em que a Coreia do Sul se começava a destacar no mundo com elevadas taxas de crescimento económico.
Cavaco Silva foi o último titular de um órgão de soberania nacional a visitar a Coreia do Sul, em julho de 2014 – uma deslocação que acabou por ficar marcada pelas suas declarações em relação à situação do Banco Espírito Santo (BES) e do Grupo Espírito Santo (GES).
Em 21 de julho de 2014, no final da sua visita, o ex-chefe de Estado foi questionado numa conferência de imprensa sobre se a situação do GES poderia ter consequências na economia portuguesa.
Cavaco Silva alegou que o Banco de Portugal estava a ser “perentório, categórico” ao afirmar que os portugueses podiam confiar no BES. Considerou, depois, que o Banco de Portugal, que na altura tinha como governador Carlos Costa, estava a atuar “muito bem” e a “preservar a estabilidade e a solidez” do sistema bancário português.
No plano das relações bilaterais, nessa mesma visita, Cavaco Silva sustentou que havia a possibilidade de aumentar as exportações portuguesas para a Coreia do Sul e perspetivas de investimento coreanas em Portugal.
“Abrem-se aqui possibilidades de mais exportações para a Coreia do Sul e perspetivas de investimentos, por parte de empresários coreanos em Portugal”, afirmou o chefe de Estado, que disse levar “expectativas muito positivas”.
A visita de Cavaco Silva foi a primeira de um Presidente português desde o estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países, há 63 anos.