A Apple vai emprestar dinheiro diretamente aos consumidores que recorrerem ao seu novo serviço de créditos de curto-prazo, criando para o efeito uma subsidiária para os serviços financeiros chamada Apple Financing, de acordo com o “Financial Times” desta quinta-feira, 9 de junho.
Este é mais um passo da tecnológica no seu modelo de negócio. Com a vasta liquidez que possui, perto dos 68 mil milhões de euros no final de março, segundo o “Financial Times”, a Apple prepara-se para emprestar dinheiro aos consumidores que recorram a este serviço, disponível junto da sua vasta base de utilizadores de dispositivos iPhone, todos equipados com a aplicação Wallet.
A Apple irá angariar comissões por cada negócio feito junto dos comerciantes aderentes – mas não irá cobrar taxas em caso de atraso nos pagamentos junto dos consumidores, penalizando antes através da restrição ao acesso a créditos futuros. A avaliação de crédito será feita através dos dados recolhidos pela própria empresa relativos ao uso da aplicação Wallet.
O Apple Pay Later é um serviço na linha dos créditos de curto-prazo “compre agora, pague depois” (“buy now pay later”, ou BNPL, na sigla em inglês) que se popularizaram massivamente em 2020 e 2021 – isto é, durante o pico da pandemia do covid-19 – graças a empresas como a sueca Klarna ou a australiana Afterpay, duas das maiores fintechs do mundo. Estas soluções permitem parcelar pequenas compras, geralmente em três prestações, sem o pagamento de juros.
É uma solução já presente em Portugal através de empresas como a portuguesa ParcelaJá e a Klarna, que entrou no mercado nacional em novembro, mas que tem riscos para a saúde financeira dos consumidores.
Segundo o jornal britânico, esta decisão da Apple exclui a hipótese mais comum até agora, que seria celebrar uma parceria com uma entidade experiente no setor bancário. Algo que a própria Apple fez até agora com a Goldman Sachs, nos Estados Unidos, para disponibilizar cartões de crédito com a sua marca, e com o Barclays, no Reino Unido, para financiar junto de possíveis clientes a compra de aparelhos, recorda o “Financial Times”.
A Apple irá disponibilizar este serviço junto de todos os retalhistas que já permitem pagamentos feitos através do serviço Apple Pay, presente em todos os dispositivos iPhone.
A Goldman, porém, será ainda necessária para que a Apple possa disponibilizar o seu novo serviço, já que a tecnológica não possui uma licença de pagamentos. É através da casa de investimento que a dona do iPhone irá ter acesso à rede Mastercard.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL