O ciclista dinamarquês Magnus Cort (EF Education-Easy Post) venceu hoje a segunda etapa da Volta ao Algarve, assumindo a liderança da geral, após vencer um ‘sprint’ restrito no alto da Fóia, onde Rui Costa (Intermaché-Circus-Wanty) foi terceiro.
O dinamarquês, de 30 anos, cumpriu os 186,3 quilómetros entre Sagres e o alto da Foia, na serra de Monchique, em 5:07.05 horas, batendo sobre a meta o belga Ilan Van Wilder (Soudal-QuickStep), segundo, e Rui Costa, ambos com o mesmo tempo.
Na geral, Cort tem agora quatro segundos de vantagem sobre Van Wilder e seis em relação ao ciclista luso.
Na sexta-feira, a terceira de cinco etapas da 49.ª edição da Volta ao Algarve liga Faro a Tavira, na distância de 203,1 quilómetros, com duas contagens de terceira categoria na primeira metade da tirada e uma chegada ao ‘sprint’ em perspetiva.
Van Wilder celebrou, mas triunfo na Fóia foi para Cort
Ilan van Wilder celebrou hoje cedo demais um triunfo que acabou por ser de Magnus Cort, o surpreendente camisola amarela da 49.ª Volta ao Algarve em bicicleta depois da chegada ao sprint ao alto da Fóia.
Começa a ser tradição: no ponto mais alto do Algarve, a 902 metros de altitude, a discussão pelo triunfo é feita entre candidatos, mas ao sprint, com o carismático ciclista dinamarquês da EF Education-EasyPost a levar a melhor sobre o ‘inexperiente’ belga da Soudal Quick-Step, que, ao erguer o braço no risco, perdeu uma vitória ‘certa’.
“Tinha a sensação de que tinha conseguido ultrapassá-lo [Van Wilder] nos últimos metros, mas tive de esperar pela confirmação durante alguns minutos”, confessou Cort, que soube que a segunda etapa da 49.ª ‘Algarvia’ era sua – assim como a amarela – já junto ao autocarro da equipa.
O gesto de ‘atirar’ a bicicleta para a linha de meta, esticando todo o corpo, valeu-lhe uma milimétrica vitória, após 5:07.05 horas na estrada, diante de Van Wilder e do português Rui Costa (Intermarché-Circus-Wanty), que subiu também ao terceiro lugar da geral, a seis segundos do dinamarquês.
A contagem de primeira categoria da Fóia não eliminou favoritos, nem premiou a equipa que mais trabalhou – Thomas Pidcock foi o melhor homem da INEOS, no oitavo lugar -, mas permitiu confirmar quem são os verdadeiros candidatos à vitória final, com Jai Hindley (BORA-hansgrohe) a responder ‘presente’, com um quinto lugar, conseguido com o mesmo tempo do vencedor, e João Almeida a surgir ligeiramente mais atrás, na 14.ª posição, a dois segundos de Cort.
Horas antes, em Sagres, a segunda jornada, a do regresso do sol algarvio, começou atribulada, com as notícias das desistências, entre outros, de Marc Hirshi, um ‘escudeiro’ de Almeida – e a equipa da UAE Emirates ficou rapidamente reduzida ao seu líder mais quatro – e de Frederico Figueiredo (Glassdrive-Q8-Anicolor), o ‘vice’ da Volta a Portugal, que, depois de uma ida ao hospital, pôde respirar de alívio por não ter nenhuma fratura, apesar das fortes dores nas costas na sequência da aparatosa queda da véspera.
Pouco depois de serem dadas as primeiras pedaladas dos 186,3 quilómetros até ao ponto mais alto do Algarve, nova queda deixou fora de corrida outro Glassdrive-Q8-Anicolor, Luís Mendonça, e o norueguês Jonas Iversby Hvideberg (DSM).
Ultrapassados os sustos, saltaram para a frente de corrida, ao quilómetro 12, os dois primeiros da classificação da montanha, respetivamente António Ferreira (Kelly-Simoldes-UDO) e Rafael Lourenço (AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense), o ‘rei’ da montanha da passada edição, João Matias (Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua), e ainda Matthew Gibson (Human Powered Health), Tomas Contte (Aviludo-Louletano-Loulé Concelho) e Gaspar Gonçalves (Efapel).
Os seis conseguiram uma vantagem que nunca foi muito além dos três minutos em relação a um pelotão controlado pela Uno-X do camisola amarela, o sprinter norueguês Alexander Kristoff, e que foi caindo na aproximação às últimas dificuldades da jornada.
Gaspar Gonçalves, ao quilómetro 160,5, foi o último fugitivo a ser absorvido pelo grupo, já comandado por equipas com ambições na geral ou interessadas na discussão da etapa, nomeadamente BORA-hansgrohe, INEOS, Arkéa-Samsic ou EF Education-EasyPost, com a UAE Emirates mais resguardada no pelotão.
A segunda categoria da Picota fez a primeira grande seleção, numa altura em que Kristoff já não seguia na frente, mas foi na ascensão à Fóia, surpreendentemente ‘despida’ de público, que a INEOS assumiu claramente a sua candidatura ao triunfo final na 49.ª edição, colocando os seus homens em bloco na dianteira, uma estratégia que se revelaria inócua na chegada à meta.
Van Wilder arrancou, o grupo respondeu, mas a vitória ‘era’ do belga, que, numa tradição cada vez mais comum no pelotão – e que foi ‘lançada’ pelo seu colega Julian Alaphilippe na Liège-Bastogne-Liège de 2020 -, perdeu ‘embalo’ ao celebrar antes de tempo e foi passado por Cort.
Vencedor de duas etapas no Tour, onde no ano passado se tornou no primeiro ciclista a conquistar as 11 primeiras contagens de montanha de uma mesma edição, e de seis etapas na Vuelta, o dinamarquês assumiu à Lusa que seria “fantástico” manter a camisola amarela até domingo.
“Mas é preciso ir dia a dia”, pontuou aquele que é um dos corredores mais populares do pelotão internacional e que, na classificação geral da Volta ao Algarve, tem quatro segundos de vantagem sobre o belga da Soudal Quick-Step.
Hindley é quarto, a 10 segundos, uma diferença explicada pelas bonificações, enquanto Almeida é nono, a 12.
Na sexta-feira, o novo camisola amarela deverá ter uma jornada tranquila nos 203,1 quilómetros da terceira etapa, que vai ligar Faro a Tavira, onde se prevê uma chegada ao sprint.
2.ª etapa – Declarações
Declarações após a segunda etapa da 49.ª edição da Volta ao Algarve em bicicleta, ganha pelo dinamarquês Magnus Cort (EF Education-EasyPost), no final de uma ligação de 186,3 quilómetros, entre Sagres e o alto da Fóia (Monchique):
– Magnus Cort, Din, EF Education-EasyPost (vencedor da etapa e líder da geral individual): “No final, fiquei muito nervoso. Durante a subida sentia-me OK, apesar de ser dura. Não diria que estava na minha zona de conforto, mas os quilómetros passavam e senti que tinha forças para o sprint.
Quando faltavam cinco, quatro quilómetros, pensei que se mantivéssemos aquele ritmo de subida seria perfeito. Nos últimos 500 metros, todos queriam estar perto da frente, mas o vento era frontal e tive receio de arrancar cedo demais. Lutei por encontrar um lugar para sair [do grupo]. Felizmente, descobri [um espaço] nos últimos cinco metros e consegui vencer.
A equipa aqui tem uma grande confiança em mim. Em casa, pensei nesta etapa, mas não sabia se estaria em condições no final de uma subida de sete ou oito quilómetros. Mas vim para esta corrida e os diretores aqui tinham a mesma ideia, de que eu deveria tentar hoje. Para mim, vencer, nestas condições, é fenomenal. Tenho uma ou outra vitória em subida, mas geralmente em fugas. Nunca tinha vencido [em subida numa luta com] os favoritos à classificação geral. Foi muito bom.
Tinha a sensação de que poderia ter conseguido ultrapassá-lo [Van Wilder] nos últimos metros, mas tive de esperar pela confirmação durante alguns minutos”.
– Ilan van Wilder, Bel, Soudal Quick-Step (segundo classificado na etapa e na geral individual): “Sei que sou bom em chegadas como esta, não queria esperar pelo sprint nos metros finais. Tentei a minha sorte de bastante longe e, no final, pensava que tinha vencido.
Penso que não celebrei demasiado cedo, celebrei apenas no risco de meta, mas no fim houve uma diferença igual à grossura de um pneu [de uma bicicleta] à minha frente. É uma pena, mas o que posso fazer?”.
– Rui Costa, Por, Intermarché-Circus-Wanty (terceiro classificado na etapa e na geral individual): “Foi uma etapa tranquila nos primeiros quilómetros. Os últimos 40 quilómetros foram feitos com um grande andamento, visto que o vento era de costas, o que criava fadiga a todos.
Senti-me bem, as sensações foram boas. Consegui fazer terceiro, o que é importante pelas bonificações. Estou contente com o resultado. Pena não ter vencido, tinhas sensações para poder lutar, mas realmente os outros foram mais fortes e há que dar os parabéns.
Não me espantou [chegar um grupo numeroso ao final], pelo facto de noutros anos também ter acontecido. Já sabia que a Fóia é uma subida que não cria muitas dificuldades a quem está a lutar pela geral, mas sim o Malhão e o contrarrelógio”.
– João Almeida, Por, UAE Emirates (nono na geral individual): “[A etapa] foi tranquila até aos últimos 50 quilómetros, depois, a parte final foi muito dura, mas estou contente com as sensações. Ainda falta o pior.
Chegou mais gente [no grupo da frente] do que eu pensava, o que demonstra que o nível está muito alto”.