A prova, marcada para decorrer de 29 de julho a 11 de agosto, assume importância central no panorama do ciclismo português, referem os diretores desportivos de sete das nove equipas Continentais Profissionais do pelotão, pelo mediatismo e retorno que geram para os patrocinadores, vitais para a manutenção das formações.
“É imprescindível realizar-se a Volta a Portugal, é como a Volta a França para o nosso pelotão. Não havendo Volta, algumas equipas vão ter de acabar. Não vejo os patrocinadores a continuarem a pagar os contratos às equipas sem ter a Volta. Mesmo assim [sem que a prova seja cancelada], vejo que alguns não paguem”, aponta à Lusa o diretor da Miranda-Mortágua, Pedro Silva.
Apesar da perspetiva pessimista, o diretor lembra que a prova “tem de ser feita havendo condições sanitárias” e que “não há só o mês de agosto” para esta se realizar, pela sua importância económica.
“Tem a ver com o mediatismo e o que está nos contratos. Não vendo as camisolas nas ruas nem nos jornais, na televisão, nas redes sociais, uma empresa está no direito de romper o contrato”, lembra.
Já Vidal Fitas, que dirige a Atum General – Tavira – Maria Nova Hotel, destaca a “felicidade” de se ter corrido na totalidade a Volta ao Algarve, que nos últimos anos é disputada pelas grandes equipas internacionais e tem ganho, também para o pelotão nacional, “uma importância bastante relevante em termos de retorno”.
“A Volta a Portugal representa no mínimo 80% da exposição que as equipas têm numa época desportiva. Se se realizar, é o que garantimos aos ‘sponsors’. Penso que se está a trabalhar para várias provas serem realizadas e, se isso acontecer, podemos salvar a época”, aponta.
O diretor da LA Alumínios-LA Sport, Hernâni Broco, propõe uma solução possível: realizar a prova “pelo menos para as equipas portuguesas”.
“Apesar de não ser uma Volta tradicional, podia salvar a época para as formações portuguesas”, afiança.
Já Jorge Piedade, que lidera a Aviludo-Louletano, vê a possibilidade de se correr a prova de maior cartaz em Portugal como uma forma de “tapar tudo o resto”. “Se se realizar, minimiza-se muito. A Volta é ‘tudo’ em Portugal, sabemos isso, e as coisas ficariam minimamente compensadas”, comenta.
Da mesma opinião é o diretor da Feirense, Joaquim Andrade, que considera que “seria muito mau se não houvesse Volta, porque é o grande pulmão do ciclismo nacional”.
“Todas as empresas que se associam ao ciclismo é com esse atrativo, porque nesses dias o ciclismo tem um grande peso na divulgação pelo país e até mesmo internacional. Estou convencido que se vai realizar, nem que se tenha de alterar datas”, atira.
Já Manuel Correia, à frente da Kelly/InOutBuild/UDO, vê o ciclismo português como um todo a “correr sérios problemas em 2021” se não se correr a prova.
“Temos de pensar, e acredito, que ainda vamos competir em 2020, para minimizar os estragos e dar o retorno a quem investiu no ciclismo este ano. Era muito importante, seja qual for a data”, refere.
O diretor desportivo da Efapel, Rúben Pereira, considera que a Volta a Portugal é “o ponto alto do ciclismo nacional”, a par de outras provas que têm crescido no calendário, e mostra-se confiante que esta “vai para a estrada, como irá a Volta a França, a Volta a Espanha ou a Volta a Itália”.