Com realidades bem distintas em termos de recursos, mediatismo e capacidade de resposta à paragem da atividade, várias das 70 federações nacionais têm em comum a incerteza das consequências que este hiato competitivo irá causar e como será desenhado o regresso a uma normalidade possível.
“Felizmente, temos muitos atletas fidelizados à modalidade, mas é normal que possa haver algumas desistências. Estávamos a ter um ritmo de crescimento interessante, mas é certo que vamos ter de trabalhar para voltar a cativar praticantes”, disse António Amador, presidente da Federação Portuguesa de Orientação (FPO), à agência Lusa.
Com cerca de 2.000 federados, a FPO parou toda a sua atividade, apesar de ser praticada essencialmente na natureza e sem grandes aglomerados, e viu adiado do Europeu de orientação em BTT, que estava agendado para maio, em Loulé.
“Esse campeonato da Europa, que, entretanto, também poderá ser Mundial, pela desistência da República Checa de o organizar, já foi adiado para outubro, mas duvido muito que o possamos fazer. É um clima de incerteza, e a saúde dos atletas é a nossa maior preocupação”, partilhou António Amador.
Também a Federação Portuguesa de Hóquei (FPH) iria acolher o Europeu de hóquei em campo de sub-21, em Lousada, durante o mês de agosto, mas esta organização foi cancelada.
“Não sabemos o que vai acontecer. Se o futebol, com todo o seu poder, está num clima de incerteza, imaginem as outras modalidades. Vamos fazer uma reunião com os clubes e com o nosso médico, para podermos traçar um plano”, explicou o presidente da FPH, Armindo de Vasconcelos.
O dirigente desta modalidade olímpica disse esperar que possam ser concluídas em breve as competições seniores, nas quais faltam disputar duas jornadas, apesar da interrupção que levou a que os cerca de 600 praticantes estejam parados.
“Temos usado a tecnologia para transmitir informações, fazer jogos, mostrar vídeos e, sobretudo, para tentar que os mais jovens não desmotivem da modalidade, porque acredito que os seniores vão continuar fidelizados”, acrescentou.
A Internet também está a ser usada pela Federação Portuguesa de Esgrima (FPE) para partilhar informações e estratégias de treino aos esgrimistas, mantendo “um mínimo de atividade física”.
“Temos desafiado para que publiquem e partilhem os seus treinos, não só para manterem uma forma física mínima, mas também para que os atletas, apesar de todas as limitações, possam continuar motivados”, referiu o diretor técnico nacional (DTN) da FPE, Miguel Machado.
O responsável reconheceu que este tempo de paragem vai implicar um período de adaptação para o regresso, esperando minimizar a quebra na evolução dos cerca de 900 esgrimistas nacionais.
“Temos de evitar que haja um desinteresse pela modalidade. Os clubes estão a fazer um grande esforço, usando todas as ferramentas para manter a proximidade, a motivação e a coesão. Esse será um dos grandes desafios quando pudermos voltar”, explicou o DTN.
No caso da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal (FCMP), que tutela a agora olímpica escalada, as atividades também estão todas canceladas, mas o organismo acredita que um fim das atuais restrições impostas pela pandemia poderá empolgar um regresso ainda mais forte.
“Temos o privilégio de ser uma federação que acolhe as vertentes do desporto e turismo, e acredito que, depois de tanto tempo fechadas em casa, as pessoas quando puderam sair vão regressar ainda com mais vontade e vão querer encontrar-se”, frisou o presidente da FCMP, João Queiroz.