A cidade de Portimão vai acolher o Grande Prémio que pode coroar já a Mercedes com o título de Construtores, numa corrida em que Lewis Hamilton quer cimentar a liderança no Mundial de Pilotos, apesar de estar à espera de uma prova equilibrada e que, o Algarve, mantenha a tendência de Verstappen a andar muito rápido. Já a Ferrari revelou que vai apresentar melhorias mecânicas no Autódromo Internacional do Algarve.
Refira-se que Portugal, que também viu vencer pela primeira vez o brasileiro Ayrton Senna, mas no Estoril, pode ver o inglês, que igualou recentemente, em Nurburgring, o máximo de vitórias pertença de Michael Schumacher (91) e como é, de longe, o mais rápido do “circo” na actualidade (e a Mercedes a mais forte), passar a liderar isolado esta tabela.
Lewis Hamilton tem o máximo de poles (96) conseguidas em 260 Grandes Prémios, e prepara-se, no final da época, chegar ao 7.º título e ficar de braço dado com Schumi.
Importante é que o regresso do grande “circo” a Portugal não seja necessário esperar mais 24 anos para receber os magos da Fórmula 1. O Autódromo Internacional do Algarve é fantástico e acredito que quem assistir ao Grande Prémio vai idolatrar para sempre.
Refira-se, por outro lado, que a transmissão televisiva tornou a Fórmula 1 num produto muito apetecível. Podemos ver como se estivéssemos dentro do carro, no lugar do piloto. Não foi só a Fórmula 1 que mudou. O Autódromo Internacional do Algarve é um circuito novo que não ficou subjugado com o que foi pensava para as pistas. A segurança tem de ser sempre o objectivo primário, mas a verdade é que a introdução de certas pistas tirou a vontade de ver Fórmula 1. Portimão soube tirar partido da tipografia do terreno e construir uma pista bastante desafiante, em que os pilotos vão sair do Algarve com a promessa de regressar o mais rápido possível.
No Autódromo Internacional do Algarve, as velocidades são altas, mas também os custos dos carros, os salários e os preços dos bilhetes. Desde 1996, ano da última visita ao Estoril, muito mudou e nem sempre para melhor.
Serão duas dezenas de viaturas à partida e há uma equipa dominadora – em 1996 era a Williams, agora é a Mercedes –, mas a Fórmula 1 que regressa esta semana a Portugal transformou-se num mundo ainda mais caro e exclusivo.
A corrida do próximo domingo, que poderá lançar ainda mais Lewis Hamilton e a Mercedes para históricos sete títulos mundiais, poderá ser, por sinal, uma das últimas oportunidades para ver o topo do desporto automóvel num dos seus últimos anos de despesismo, pois a pandemia, se por um lado possibilitou estreias como a do Autódromo do Algarve, por outro também pressionou as equipas para a entrada numa nova era. Os orçamentos, que actualmente atingem os 400 milhões em equipas como a campeã, a Ferrari e a Red Bull, vão, já em 2021, passar a ter um tecto de 124 milhões de euros.
Os gastos das maiores equipas de Fórmula 1, que se multiplicaram por 10 nos últimos 30 anos, são de tal forma que especialistas escrevem que o preço de um carro é aquilo que uma equipa pode gastar nele.
O cálculo por peças apresentado nesta página, que estima o custo de um Fórmula 1 em 10,5 milhões de euros – mesmo assim, partir uma asa dianteira, acidente comum numa corrida, é praticamente o valor de um pequeno apartamento (128 mil euros) –, não contabiliza o que se investe em desenvolvimento.
A actual Fórmula 1, que se tornou tão exclusiva que equipas do fundo da tabela, como Haas e Williams, têm orçamentos próximos dos 150 milhões, está condenada a adaptar-se a uma nova realidade, mas a mudança irá ser gradual. Os actuais carros vão manter-se em 2021, outra solução de resposta à crise gerada pela pandemia e que permitirá uma adaptação. Em 2022 os orçamentos passarão a um máximo de 120 milhões e no ano seguinte descerão para 115, valor que ficará como referência futura.
«Quando decidimos criar um tecto orçamental, foi a pensar na forma de lidar com uma crise», explicou Ross Brawn, director desportivo da Fórmula 1, sobre medidas que se aplicam sobretudo ao desenvolvimento dos carros. Fora do limite ficam os gastos em marketing, nos salários dos pilotos, nos três outros ordenados mais altos e custos com baixas ou seguros de saúde. Mesmo assim, haverá certamente despedimentos em equipas que já estavam perto dos 1.000 funcionários, e os primeiros sinais foram dados com a compra da Williams pela Dorilton Capital ou a colocação da sede da McLaren à venda. Onde não se mexerá muito será no salário dos pilotos – com excepção de Sebastian Vettel, que mudará da Ferrari para a futura Aston Martin –, embora já se tenha percebido que Lewis Hamilton, a negociar a renovação com a Mercedes, vai ter de baixar as exigências e ficar, no máximo, pelos quase 50 milhões anuais que já recebe.
Por Carlos Sousa – Jornalista