Certo dia, quando tinha 6 ou 7 anos, fez uma espécie de ultimato à professora de natação para ela lhe ensinar a nadar mariposa.
A irmã competia nas piscinas e Diogo Ribeiro já se deixara beliscar docemente por aquele estilo, sobretudo quando era manifestado pelo corpo de Miguel Nascimento. Queria ser como ele, levava no pensamento imitar os mais velhos. Rita Gonçalves, a treinadora de então na Fundação Beatriz Santos e com quem transitou depois para o União de Coimbra, confirma que aceitou o acordo para não o perder para o futebol, que Diogo também praticava.
A história que mistura as histórias de ambos vem daí. Diogo andava na 1ª classe, tinha perdido o pai dois anos antes e foi por isso mesmo que começou a nadar, para saber uma coisa ou duas sobre concentração naquela imitação de oceano, mas também para se abstrair do vazio que pressupõe perder alguém tão importante. O desporto acabaria por lhe ensinar o valor da paciência, de saber esperar por algo maior.
Rita era a treinadora da irmã, e um dia o rapazinho encheu a carapaça de firmeza e perguntou-lhe se podia ir para a competição. “Ele andava nas escolinhas, vi que tinha algum à vontade com a água e com aprender. Interessou-se pela natação, acompanhava sempre a irmã. Era um miúdo meigo, amigo do amigo, era energético, rebelde. Estava sempre muito atento. Via como os outros nadavam, queria saber tudo. E convidei-o para a equipa de cadetes”, conta.
A partir daí somaram muitas viagens de carro, da escola para os treinos, e incontáveis conversas. Até férias. Rita Gonçalves confessa que Diogo — com quem fala “quase todos os dias” —, a mãe e a irmã são como família.
- Texto: Tribuna do Expresso, jornal parceiro do POSTAL