Diogo Marreiros, algarvio de 29 anos, há muito que soma vitórias internacionais na patinagem sobre rodas, mas “o sonho olímpico” fê-lo há quatro anos fazer a adaptação ao gelo, com a ambição de estar em Pequim 2022.
O atleta, que faz grande parte da preparação sobre rodas, integra o Programa de Apoio à Participação olímpica e sente estar cada vez mais próximo dos Jogos Olímpicos de Inverno, que começam na cidade chinesa dentro de 100 dias e decorrem entre 4 e 20 de fevereiro.
A patinagem em rodas não é uma modalidade olímpica e, depois de sentir curiosidade em experimentar, decidiu há quatro anos tentar também o gelo, quando era vice-campeão do mundo e da Europa de patinagem de velocidade. Em julho, sagrou-se campeão europeu em quatro disciplinas nas rodas e a época de verão “foi uma grande ajuda na preparação” para a temporada no gelo, que começou em setembro.
Pela primeira vez, o algarvio vai fazer uma época completa no gelo, com Pequim 2022 no horizonte, quando até agora tinha apenas um total de oito meses nesse piso.
Com mínimos para participar nas provas da Taça do Mundo de Mass Start, prova em linha de longa distância, em que os atletas competem em pelotão e tem pontos intermédios e finais, o objetivo de Diogo Marreiros é na soma das etapas na Polónia, Estados Unidos e Canadá estar entre os 24 primeiros do ‘ranking’, com destino aos Jogos Olímpicos.
“TENHO DE FICAR NO ‘TOP 24’ NUMA DAS TRÊS PROVAS”
Em 14 de dezembro, já sabe se conseguiu a qualificação.
“A distância em que estou a apostar mais é a prova de Mass Start. Tenho de ficar no ‘top 24’ numa das três provas da disciplina”, disse, em declarações à agência Lusa, o patinador, também a competir nos cinco quilómetros, embora considere nessa especialidade estar “ainda um bocadinho longe, para ver a evolução”.
A pandemia obrigou-o a trocar os treinos nos Países Baixos por Inzell, na Alemanha, onde tem deslizado ao lado de atletas já qualificados, e mostrou-se confiante porque tem conseguido “andar perto deles”, mas a atual forma requereu muito trabalho, por serem modalidades com muitas diferenças.
Em cima das lâminas, “a base e a musculatura usada são parecidas, mas a adaptação à técnica é o que demora mais tempo”.
“Há que adaptar a posição do corpo, as curvas, no gelo não podemos errar muito na técnica, porque a base de apoio é estreita”, comparou.
ATLETA QUER MELHORAR
Focado na preparação para Pequim 2022, o atleta de Lagos quer “melhorar alguns aspetos para andar mais rápido”.
Habituado desde os quatro anos aos patins em rodas e desde os 16 anos com medalhas internacionais, Diogo Marreiros viu no gelo “a oportunidade de ser atleta olímpico” e afirmou “acreditar muito nessa hipótese”.
“Fazem-se sacrifícios e tenho sempre de acreditar. A evolução está a ser boa e estou extremamente motivado para afinar o que há a melhorar e para atacar a qualificação. Para mim, representa o concretizar de um sonho e significa mostrar a outros que é possível”, salientou o patinador.
Com a Federação de Desportos de Inverno de Portugal (FDIP) “mais presente”, Diogo Marreiros frisou ser “um novo mundo que se abre para os patinadores”, numa modalidade “muito mais profissional” do que a patinagem em rodas.
Com a vantagem de ser “fisicamente forte e competitivo”, o atleta sabe que tem na técnica no gelo o ponto mais fraco, que mais tem de trabalhar.
Diogo Marreiros já integrava o Programa de Apoio à Preparação para os Jogos Olímpicos de Inverno, mas só desde junho, quando a FDIP foi aceite como membro provisório da União Internacional de Patinagem (UIP), é que o atleta de patinagem de velocidade passou a poder ver os resultados reconhecidos e tentar a qualificação olímpica.
A última participação portuguesa na patinagem no gelo remonta a Nagano 1998, no Japão, quando o luso-neerlandês Fausto Marreiros foi 31.º nos 5.000 metros.