À Lusa, André Cardoso conta que a ideia começou como “uma brincadeira, num passeio de amigos”. “Falámos um pouco do que os ciclistas têm feito, e muita gente tem aderido a este tipo de aventuras. Lancei esta brincadeira para o ar”, revela.
O desafio foi maturando na cabeça do grupo de amigos até se tornar uma ideia fixa: fazer a ligação ‘direta’ de uma ponta a outra do país, de Chaves a Faro, ao longo de 738 quilómetros, “ainda por cima em ano comemorativo”, uma vez que a estrada celebra 75 anos de existência.
Sem querer tentar o desafio com demasiado calor, o dia de sábado, 27 de junho, acabou por coincidir com a primeira estimativa que ‘arriscaram’: 27 horas depois da partida, a chegada ao marco do fim da N2.
Assim, esta assumida “maluquice”, que arranca pelas 08:00, terá entre os 11 ou 12 ciclistas participantes “dois ou três antigos profissionais e outros apaixonados pela modalidade, que treinam regularmente e gostam de aventuras”.
Este verdadeiro “grupo de amigos” deter-se-á depois em vários locais, com chegada variável conforme o ritmo que for sendo imposto na estrada, tendo previstas paragens em locais como Régua, Castro Daire, Tondela, Vila de Rei, Aljustrel ou Almodôvar, último momento antes da ‘etapa’ final, até Faro, onde a chegada deverá acontecer entre as 12:00 e as 15:30 – Cardoso é mais otimista e aponta para uma missão cumprida entre 24 e 27 horas.
Apesar de ter nascido de forma bem humorada, o ciclista vê “potencial para atração turística no futuro” da iniciativa, ainda que “de forma mais relaxada, consoante a capacidade dos grupos” que manifestem interesse.
Já com apoios da Associação de Municípios da Nacional 2, além de outros patrocinadores, empresas e “amigos” daqui e dali, André Cardoso compara esta aventura à Coast Ride, uma iniciativa similar nos Estados Unidos.
“É um passeio que se faz em cinco dias e também nasceu de uma maluquice. [… ] É uma romaria. As pessoas levam caravanas para a estrada, dão apoio e ajudam-se umas às outras. Há um ambiente fantástico”, revela o antigo participante nesta prova que atravessa a linha da costa do estado da Califórnia.
Nesta organização, é pago um valor definido para ajudar as várias parcerias a funcionar, dos hotéis aos camiões que transportam bicicletas e a outras comodidades para os participantes, um modelo que, para já, não tem “nada igual na Europa”.
“Era uma atração muito gira, é a maior estrada da Europa. Este é um desafio engraçado, são 10 mil metros de acumulado. […] Tem-se um bocadinho de tudo, de norte ao sul do país”, atira, propondo desde já que alguma instituição, como a associação de municípios, possa “propor um projeto ao Turismo de Portugal”.
A “odisseia”, como apelidou o desafio nas redes sociais, tem ainda um repto solidário, uma vez que o grupo tentará, com a realização de vídeos em direto para as redes sociais, mostrar o percurso e o trabalho físico “e psicológico” da empreitada ao mesmo tempo que procuram angariar dinheiro para uma instituição social ainda por decidir.
O objetivo é conseguir um mínimo de 738 euros, um euro por quilómetro, ao longo da estrada, que “é para se ir fazendo”.
O atleta olímpico conta que terá de ser como “um chefe de fila” para o restante grupo, pedindo que abrandem o ritmo, motivando o grupo e fazendo-os perceber a dimensão do esforço, até porque podem ter “força naquele momento, mas depois faltam 20 horas” e quer chegar com todos “bem nutridos e bem hidratados” a Faro.
“Como é óbvio, seria bonito chegarmos lá todos. Prefiro ir mais devagar e que chegue toda a gente. Depois de fazer 24 horas, fazer 25 já não custa”, brinca.