O avançado Cristiano Ronaldo disse esta segunda-feira ter um “feeling” de que a seleção portuguesa de futebol pode vencer o Mundial 2022 e confessou que isso seria “mágico”, ainda que admitindo que “nestas competições há que começar com calma”.
“Acredito que a nossa seleção tem um potencial enorme. Quanto a ganhar, veremos. Acredito que sim, tenho esse ‘feeling’, essa esperança, mas nestas competições há que começar com calma, pensar primeiro no grupo, no jogo com o Gana, que é o mais difícil, por ser o primeiro. A partir daí, é ir devagarinho”, afirmou em conferência de imprensa.
O capitão da seleção nacional falou aos jornalistas no centro de treinos do Al-Shahaniya SC, nos arredores de Doha, onde confessou que é “um sonho” vencer um Mundial e assegurou que Portugal está no Catar com esse objetivo em mente.
“Seria mágico, um sonho. Ganhar um Mundial seria um sonho e estamos aqui para alcançar esse objetivo. Todos estão aqui para alcançar esse objetivo”, vincou.
Ainda assim, admitiu que há um lote de favoritos: “Brasil, Argentina, França, Alemanha são aquelas seleções que costumam ter mais probabilidades, aquela pontinha de favoritismo para todo o mundo. No entanto, em 2016 [no Europeu], ninguém dava nada por Portugal e ganhámos. Pode haver surpresa e espero que assim seja desta vez também”.
Apesar de um pequeno problema sentido no arranque da preparação para a competição, Ronaldo disse já estar “recuperado e preparado para começar o Mundial da melhor maneira” e ajudar a equipa das ‘quinas’ a vencer o Gana, na estreia no Grupo H da competição, na quinta-feira.
O avançado do Manchester United, de 37 anos, vai participar pela quinta vez num Campeonato do Mundo, depois de 2006, 2010, 2014 e 2018, tendo atravessado, pelo menos, três gerações da seleção nacional. Contudo, recusou-se a fazer comparações e salientou que “a melhor geração é sempre aquela que ganha”.
“Esta geração é muito boa, tem um potencial enorme, é uma seleção jovem, uma mistura com mais velhos. Vai ser bonito de ver. A exigência é muito grande. Para ganhar a competição, temos de ser os melhores. Nós acreditamos que somos os melhores, mas temos de mostrar isso em campo”, referiu.
Sendo o quinto Campeonato do Mundo em que vai alinhar, Ronaldo fez questão de realçar que “os mundiais, e até mesmo os europeus, são marcantes, por tudo”.
“Os mundiais são diferentes, o mundo pára para nos ver a jogar. São sempre memórias muito bonitas. As memórias são sempre boas”, expressou.
Sobre a pressão e a responsabilidade de jogar aquele que será o seu último Mundial, Cristiano rejeitou que seja um factor: “A responsabilidade é sempre igual, desde os 11 anos, em que saí de casa para ir para Lisboa [para jogar na formação do Sporting]. Sinto-me uma pessoa mais observada do que todas as outras, mas a responsabilidade tenho-a sempre, seja como amigo, como pai, como jogador. Gosto de ter essa responsabilidade. A pressão é quase sempre a mesma. Às vezes lido bem, outras lido mal, não sou perfeito. Sinto-me preparado para assumir as responsabilidades”, sublinhou, dizendo ainda que se “com 37 anos e oito meses” tivesse de demonstrar algo, depois do que já fez “seria uma surpresa”.
“O Mundial é a competição mais importante, mas, se não ganhasse mais nenhum troféu até ao fim da carreira, estaria orgulhoso. Não me falta nada, tive muito mais do que esperava”, disse.
AINDA A ENTREVISTA
Na conferência de imprensa foram, naturalmente, abordadas as consequências da entrevista do capitão da seleção a Piers Morgan. Ronaldo diz que não há qualquer problema com os companheiros.
“Nestas fases finais, há sempre polémica. Essa do Bruno Fernandes foi mais uma que vos correu mal, vocês falham muito”, disse, dirigindo-se aos jornalista. “Fiz uma brincadeira com ele, a minha relação com ele é excelente. Ele chegou tarde porque o avião atrasou e perguntei-lhe se tinha vindo de barco. Foi uma brincadeira e fizeram uma tempestade. Como foi também com o Cancelo. Ele estava um bocadinho triste no treino, após uma entrada mais ríspida do Félix, agarrei-lhe no pescoço e disse ‘Então, pá, bora lá’, a puxar para cima”.
Ronaldo referiu ainda que “o grupo está blindado” e pediu para que os colegas deixem de ser questionados sobre o seu momento pessoal.
“Aproveito para pedir que quando vierem os próximos jogadores à conferência não perguntem sempre sobre o Cristiano. Façam perguntas sobre o Mundial, sobre a expectativa que têm, não falem de mim”, disse, explicando que o “caso Cristiano está encerrado, falem da competição”.
“Se alguém me fizesse uma pergunta, por exemplo, sobre o Rafa, eu não respondia, porque é um capítulo encerrado. O selecionador deu uma entrevista e falou desse tema. Perguntem coisas sobre a seleção, gostava que fizessem isso para a seleção estar melhor”, continuou.
Sobre o momento para dar a entrevista, Ronaldo acredita que não trará qualquer prejuízo à seleção nacional: “O timing é sempre o timing… obviamente que desse lado é fácil opinar, escrever, muitas vezes verdades ou mentiras, mas o meu timing é o meu timing, não tenho de pensar nos outros e tenho a certeza que não vai influenciar. Toda a gente me conhece desde os 11 anos”.
Recordes é coisa que Ronaldo trata por tu e bater os nove golos de Eusébio em fases finais (tem sete) não é algo que desdenhe. Mas garante que esse objetivo não vale tudo: “Se me dissessem que Portugal ganhava o Mundial sem golos meus, assinava já por baixo, juro pelos meus filhos”.
A estreia de Portugal no Grupo H está marcada para quinta-feira, diante do Gana, no Estádio 974, em Doha, antes de defrontar o Uruguai, em 28 novembro, e a Coreia do Sul, de Paulo Bento, em 02 de dezembro.
- Texto: Tribuna do Expresso, jornal parceiro do POSTAL