Europa Central e do Leste: a criar talento desde…
Estamos a falar dos tenistas da Europa Central e do Leste – checos, russos, alemães, sérvios, croatas… Por algum motivo ainda não totalmente esclarecido, esta particular região do planeta tem o condão de criar inúmeros jogadores de ténis de sucesso.
Já alguém pode vir a argumentar que dos três maiores vencedores dos últimos tempos – Nadal, Federer e Djokovic – apenas o último se enquadra na zona geográfica. Isso é verdade. Porém, Federer e Nadal são exceções, e não a regra. Que outro tenista espanhol ou suíço teve sucesso incontestável? Há alguns ibéricos, como Cerreño-Busta e Ferrer que ocasionalmente se dão bem em torneios específicos, disputados em terra batida. Da Suíça há Wawrinka mas, como o apelido sugere, a sua família tem ascendência polaca, e o seu pai é alemão – ambos países da Europa Central.
Estes pontos fora da curva acabam por mascarar o facto de que uma grande quantidade de bons tenistas surge da mesma região. Nem todos chegam a ganhar os maiores torneios, mas costumam estar continuamente presentes nas eliminatórias finais.
Por outro lado, nos últimos vinte anos foi relativamente fácil apostar nos vencedores dos Grands Slams. Em 75% das vezes o vencedor ficou entre Federer, Nadal e Djokovic. Hoje a disputa é mais intensa, como se pode comprovar em sites de apostas desportivas como a Betano. Basta analisar as muitas estatísticas disponibilizadas e comparar as odds de cada encontro para notar-se que o favoritismo está mais disperso, com o trio de campeões a dividir a preferência dos apostadores com novos nomes, tais como Medvedev e Zverev.
A dificuldade de se encontrar um vencedor tem levado estes mesmos apostadores a diversificarem as suas modalidades de aposta, escolhendo, por exemplo, o vencedor de um set, e não da partida – uma variante disponível nesta casa de apostas. Caso para dizer: a next generation de tenistas já se tornou a now generation.
A pergunta que resta é: Porque é que russos, sérvios, alemães, croatas e congéneres conseguem sucesso no ténis com mais facilidade?
Não há uma resposta certa, mas levantamos aqui algumas hipóteses.
Um bom biótipo
Jogar ténis, como qualquer desporto, requer um biótipo específico. Neste caso, uma silhueta levemente alongada, que permita alcançar bolas altas, mas também ágil o suficiente para as bolas baixas. É necessário força, mas músculos em excesso tornam o deslocamento em campo mais lento.
Enfim, nem muito alto, como John Isner, que serve muito bem, mas sofre nas trocas de bolas; nem muito baixo, como Diego Schwartzman, que é ágil mas tem pouca angulação no serviço; nem tão suave quanto Laura Pigossi, que depende muito da colocação em campo; nem tão violenta quanto Venus Willians, que precisa muito da potência dos seus golpes.
Aparentemente, centro e leste-europeus conseguem juntar o melhor de cada aspeto no seu biótipo tradicional.
Concentração e repetição
Talvez por fatores culturais, eslavos e alemães costumam ser muito concentrados nas suas tarefas, e com repetição conseguem desempenhar movimentos de forma quase mecânica.
Essa consistência é preciosa num jogo de ténis, isto porque numa partida de alto nível em três sets, um bom jogador não comete mais do que vinte erros não forçados. Já um tenista apenas razoável cometerá cerca de quarenta. No final, pode-se ceder um ou dois jogos ao adversário – o suficiente para garantir um set, pelo menos.
Clima favorável
Esta afirmação pode parecer curiosa, já que países da Europa Central e do Leste costumam sofrer com invernos rigorosos. Porém, um campo de ténis pode ser coberto, ou confortavelmente ser colocado dentro de tendas próprias para o efeito, o que permite a prática do desporto durante todo o ano, ao contrário do futebol, por exemplo.
Isto tem um impacto decisivo, especialmente para os jovens jogadores em formação, que não necessitam de interromper a prática nos meses frios. E, como já afirmado acima, no ténis tem que se repetir, repetir, e repetir novamente. É este o caminho da excelência.
Em países mais quentes, como a Espanha, gostam de campos ao ar livre, e geralmente de saibro. Nestes, o mau tempo impede o uso. Curiosamente, países com pior clima tendem a jogar o ano todo.
Em suma, seriam estes três fatores suficientes para explicar o sucesso de Lendl, Navratilová, Graff, Thiem, Zverer, Medvedev, Rublev, Sharapova, Wozniacki, Kvitová, Cibulková, Plisková, Azarenka, Kerber, Halep, Sabalenka, Cilic, Dimitrov e tantos outros apelidos incomuns? Ou isso, ou temos que crer que há algo incomum na água da Europa Central e do Leste.