A apresentadora romena, Eda Marcus, entrou em direto para revelar a votação do júri do país na final do Festival da Eurovisão, no sábado. Preparada para entrar em direto, Eda recebeu a informação de que, afinal, não iria ter a oportunidade de apresentar o resultado da votação devido a “problemas técnicos”. Contudo, a Roménia não foi o único país a apresentar este tipo de irregularidade.
Minutos antes de entrar em direto, a apresentadora romena mostrou-se incrédula e confusa quando recebeu a informação de que não iria divulgar o resultado da votação do júri da Roménia, no final do Festival da Eurovisão.
A apresentadora romena do canal TVR1 recorreu às redes sociais para explicar que os organizadores do Festival da Eurovisão recusaram a transmissão em direto da Roménia e acredita que “os problemas técnicos não existiram” e que eram apenas um “pretexto”.
Para além da votação da Roménia não ter sido divulgada, a Eurovisão anunciou um resultado que não correspondia à efetiva votação do júri romeno.
A Roménia atribuiu 12 pontos (pontuação máxima) à prestação da vizinha Moldávia. Todavia, a Eurovisão considerou “erradamente” que o país teria atribuído tal pontuação à Ucrânia.
Num comunicado divulgado no domingo, a televisão romena afirmou que o voto do país foi substituído e lamenta que as regras “tenham sido alteradas durante o concurso”.
“Ficámos surpresos ao descobrir que o voto não foi levado em consideração no cálculo da classificação final, visto que os organizadores concederam uma outra série de pontuações aos participantes da final, em nome do júri do nosso país”, explica o canal romeno.
A POSSÍVEL EXPLICAÇÃO
Na final do Festival Eurovisão da Canção, a União Europeia de Radiodifusão (EBU) revelou, em comunicado, a anulação da votação de seis países, depois de descobertos “padrões irregulares de votação” na votação da segunda semifinal do concurso (que aconteceu na quinta-feira).
A votação de Geórgia, Azerbaijão, Montenegro, Polónia, Roménia e São Marino foi substituída por um resultado recalculado com base “nos resultados de outros países com registos de voto semelhantes”.
“A EBU leva extremamente a sério as tentativas de manipulação dos votos no Festival Eurovisão da Canção e tem o direito de eliminá-los, como as regras ditam, independentemente de tais votos poderem ou não influenciar os resultados”, lê-se.
AZERBAIJÃO, GEÓRGIA, MONTENEGRO PEDEM EXPLICAÇÕES
Para além da Roménia, Azerbaijão, Geórgia, Montenegro, Polónia e São Marino terão enfrentado semelhantes problemas, sobretudo com a votação do júri.
O jornal Telegraph referiu que os canais de televisão públicos do Azerbaijão e Geórgia estão a tentar perceber o que correu mal com a votação. Paul Jordan, um especialista em Eurovisão ouvido pelo jornal britânico, disse que não é a primeira vez que são detetadas irregularidades na votação, mas que não é normal que estas afetem tantos países.
A emissora RTCG, do Montenegro, respondeu ao comunicado da EBU, pedindo esclarecimentos aos organizadores da Eurovisão. O país esclarece que a votação teve como base, um “procedimento regular” e que “não existiam razões que suspeitassem de algum tipo de irregularidades”.
VOTAÇÃO DO JÚRI UCRANIANO IRRITOU OS TELESPECTADORES
A Polónia ainda não respondeu ao comunicado da EBU sobre alegadas irregularidades, mas ficou surpreendida com a votação da Ucrânia, que decidiu não atribuir qualquer ponto ao país vizinho. Apesar do público ter atribuído 12 pontos à Polónia, o júri classificou a prestação da Polónia com zero pontos.
O ministro da Cultura da Ucrânia, Oleksandr Tkachenko, e o embaixador da Ucrânia na Polónia lamentaram que o júri do país de origem tenha atribuído zero pontos à vizinha Polónia, apesar do apoio demonstrado por este país desde o início da invasão russa.
Tkachenko pediu desculpa à Polónia e à Lituânia, que também apoia a Ucrânia, através de uma publicação nas redes sociais.
“Esta avaliação não reflete de forma alguma a nossa verdadeira atitude para com os nossos amigos mais próximos da Europa”.
O ministro salientou ainda os resultados do televoto ucraniano e agradeceu a ambas as nações pelo apoio à Ucrânia, concluindo que “embora a competição não seja política, não é política – é amizade, são valores comuns, é um apoio abrangente em todas as áreas”.
Finaliza que “a nossa vitória é comum. Tanto na Eurovisão, como naquele que estará acima do inimigo”.
A Ucrânia venceu, no sábado, com 631 pontos, o festival da Eurovisão com a música “Stefania”. O videoclip foi rodado em cidades bombardeadas pela Rússia.
- Texto: SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL