A nova criação da jovem companhia Momento – Artistas Independentes apresenta-se, no sábado às 21:30, pela primeira vez no Algarve, no Centro Cultural de Lagos. Eu sou Lorca parte do texto “Assim que Passarem Cinco Anos”, do poeta e dramaturgo espanhol Federico García Lorca, para pensar sobre o que é ser artista durante um regime ditatorial e sobre a liberdade nas artes contemporâneas.
Apesar de não existir um registo oficial sobre a morte de Federico García Lorca, a versão que parece reunir consenso é a de que este terá sido fuzilado de costas (simbolizando macabramente a sua homossexualidade), nos primeiros anos da ditadura franquista. Revolucionário e defensor dos direitos de minorias étnicas, como os Ciganos, sobre quem escreveu, Lorca permanece até aos dias de hoje, um “símbolo máximo do horror e da repressão fascista” (Valdemar Cruz, Expresso).
Federico García Lorca morreu sem deixar descendência e, em Eu sou Lorca, a Momento – Artistas Independentes romantiza o momento final em que o jovem poeta se encontra num limbo espelhado, visualizando inúmeras portas – como se cada uma fosse por si só um “e se…” capaz de nos atormentar.
Assombrado pela sua própria disputa individual – abraçar a sua homossexualidade ou casar com uma mulher que lhe possa dar, de uma forma “tradicional”, o filho que tanto ambiciona – este jovem confronta diferentes realidades alternativas, caminhos encharcados e delicadas decisões que estão para lá do Tempo, do Espaço e até do Sonho, como se lhe fossem dadas uma segunda ou terceira oportunidades de voltar atrás e tomar outras decisões.
Mas será ele resistente o suficiente para lutar contra os seus demónios, e até contra si mesmo, alterando o seu destino para sempre?
Com este projeto, a companhia Momento – Artistas Independentes quer trabalhar temas como “a liberdade individual”, “a homossexualidade em tempos de ditadura” e “a criação artística em tempos de liberdade”, no ano em que se assinala o 50.º aniversário do 25 de Abril de 1974, em Portugal.
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