O mês arrancou com teatro musicado (ou música encenada) pela Companhia de Música Teatral, que apresentou na quinta-feira a peça “A Canção da Terra”, espetáculo dirigido a escolas que aborda a nossa relação com o planeta explorando mitos, poesia, paisagens sonoras e factos científicos e históricos que nos põem a pensar sobre o presente e o futuro da nossa “casa”.
Do mesmo modo, mas talvez de forma mais incisiva, Valete celebra no Cineteatro Louletano os 20 anos de carreira, com letras que refletem sobre a nossa existência, a nossa presença e o modo de estar e de viver. O rapper lançou em janeiro o EP “Aperitivo”, e que melhor aperitivo do que receber o cantor (e pensador) em Loulé, após dois mega-concertos nos Coliseus de Lisboa e Porto? Para ver e ouvir dia 4, às 21h00.
No domingo, dia 5, às 10h00 e às 11h30, há ópera para bebés e famílias. Chama-se “Vocalini, vamos cantar ópera?” e conta com a voz de Elvire de Paiva e Pona e com Joana Rolo ao piano. A ideia é por toda a gente a cantar, dançar e até tocar alguns instrumentos, descobrindo áreas de Mozart ou Rossini, entre outros.
De 12 a 17 de março, Loulé acolhe uma residência artística de dança, mas que também incide sobre a tradição oral. Chama-se “Língua Destravada”, é uma coprodução do Cineteatro Louletano, produzida pela Associação Corpodehoje, com direção de Ana Borges. Tem por base histórias, trava-línguas e ladainhas algarvias, fazendo nascer a dança em ligação com a voz e a música, e integrando pessoas da comunidade local.
Em simultâneo, mas realizados pela Associação Folha de Medronho, haverá dois workshops a decorrer em escolas, para o 3º ciclo. A iniciativa, promovida pelo Cineteatro Louletano, chama-se “Mil e um Olhares” e propõe trabalhar os medos dos jovens, falando sobre a intolerância e o preconceito e potenciando o pensamento crítico, recorrendo à expressão dramática, fotografia, movimento, pintura e escrita. Trabalho a decorrer entre 7 e 30 de março, integrado na Bienal do Plano Nacional das Artes.
No dia 10, sexta-feira, o Coletivo 84 traz a primeira de duas peças de teatro que fazem parte de um díptico, “Episódios da Vida Selvagem”. Na sexta, a primeira parte, “A Minha Morte”, imagina que num futuro próximo, após repetidas catástrofes naturais, a população mundial se reduz ao mínimo e é confrontada com o desaparecimento. Numa das últimas cidades, há uma decisão urgente a tomar para assegurar a possibilidade de sobrevivência.
A 11, sábado, a 2ª parte é também uma coprodução e estreia nacional levada à cena em Loulé. “A Nossa Vida” dá seguimento ao primeiro episódio, sendo que o Governo coloca à discussão duas opções, mas ambas acarretam custos morais e humanos elevados: será preciso escolher entre o êxodo ou partir para a guerra!
No dia 12, seguimos com teatro especialmente dirigido a famílias, com a peça “Viagem ao Centro da Terra”, pela Mákina de Cena, teatro de objetos inspirado no clássico literário de Júlio Verne. Uma chaleira, um pau de vassoura, tudo ganha vida nesta aventura minimalista que assenta na imaginação de Verne e que busca a imaginação dos mais jovens. Peça integrada na Mostra de Teatro de Loulé – Cenários.
Nos dias 14 e 15 de março, mais sessões para escolas, mas desta vez com Circo Contemporâneo. O projeto, da Erva Daninha, chama-se Dual Sim e assenta na performance de dois malabaristas que se colocam a si mesmos um desafio: o da partilha constante e obrigatória de todos os recursos. Uma investigação sobre as redes, as formas e esquemas da partilha digital que é também um estudo sobre a distribuição de objetos entre 2 corpos, passes-receções-partilhas.
Também a 14, mas à noite, nova sessão do ciclo do Filme Francês do Mês, no Auditório do Solar da Música Nova, às 21h00. Desta vez, com Tokyo Shaking. Filme de 2021, é uma comédia dramática de Olivier Peyon que recorda o terramoto de 11 de março de 2011, em Tóquio, que desencadeou o desastre de Fukushima. Alexandra, uma francesa recém-chegada a Tóquio para trabalhar num grande banco francês, enfrenta esta crise nuclear com sentimentos de culpa entre a decisão de ficar ou de partir para junto da família.
Dia 15, o JAT – Janela Aberta Teatro apresenta um Workshop para escolas do 1º e 2º ciclo. Uma oficina dedicada aos mais jovens, onde estes poderão desenvolver as suas habilidades expressivas através de jogos teatrais, técnicas do mimo e criação de personagens.
A 17, às 21h00, chega o Festival Al-Mutamid, com “Funún Taht”, de Marrocos, Síria e Espanha. Uma viagem sonora desde o local onde nasceu Ziryab, atual Iraque (Al-Sharq – Oriente) até ao Califato de Córdova (Al-Gharb – Ocidente). Além dos temas tradicionais inspirados no grande músico e cantor Ziryab (789-857), o grupo apresenta também temas contemporâneos de diferentes países do mundo árabe.
No dia seguinte, mas no Auditório do Solar da Música Nova, às 17h00, mais um concerto do Ciclo Crescendo, juntando alunos e professores do Conservatório de Música de Loulé – Francisco Rosado, e aproximando o ensino artístico da música erudita da comunidade local. Evento com entrada gratuita. Também a 18, mas à noite, às 21h00, chegam “Os Atropelados”, pela Associação Artística Satori, peça que faz parte da Mostra de Teatro de Loulé – Cenários. Baseada em factos verídicos, “Os Atropelados” mostra-nos como uma reunião nostálgica de amigos, no interior do Algarve, rapidamente ganha contornos de tragédia, em tons de comédia.
No Palácio Gama Lobo, de 18 a 24, decorre uma oficina de voz e movimento, tendo como público-alvo 15 mulheres (cis, trans, travestis, binárias e não-binárias). Chama-se “As canções que cantamos contra os muros que limpamos”, e é criada por Catarina Vieira, Aixa Figini e Josefa Pereira. A oficina resulta numa performance, no dia 25, no Cineteatro Louletano. Para ver e ouvir às 16h00.
Entre 20 e 31 de março há várias sessões para escolas, promovidas por Afonso Dias. Chama-se “O Princípio da Igualdade” e versa sobre o 25 de Abril e a Constituição Portuguesa, nas canções e na letra da lei fundamental. Faz parte das comemorações do 25 de Abril em Loulé.
A 24 de março, às 18h30, dá-se a apresentação do livro “Quem tem medo das emoções”, da dramaturgista Ana Pais, no Café Calcinha. O evento é antecedido de um workshop, na Escola Secundária de Loulé, pela diretora de atores Sara de Castro, com exercícios teatrais que mostram como funcionam os condicionamentos sociais que nos afetam individualmente.
A 25 há um casting inédito, dirigido especialmente a atores/atrizes S/surdos(as) (com “S” maiúsculo são falantes de Língua Gestual Portuguesa). O casting é promovido pela Terra Amarela, conhecida por incluir nos seus trabalhos múltiplas pessoas com necessidades específicas e tem por objetivo encontrar pessoas que possam vir a participar em “Ricardo III”, um espetáculo internacional dirigido pelo encenador Marco Paiva.
O dia 26 de março, domingo, traz-nos já comemorações do Dia Mundial do Teatro (que ocorre a 27, segunda-feira). E para celebrar este dia, a companhia Hotel Europa traz a Loulé “Portugal não é um país pequeno”, um espetáculo de teatro documental que reflete sobre a ditadura e a presença portuguesa em África, a partir de uma recolha historiográfica e de testemunhos reais. Esta sessão contará com Audiodescrição, para pessoas cegas ou com baixa visão, e também com Língua Gestual Portuguesa, para pessoas S/surdas. É às 17h00, no Cineteatro Louletano.
No dia seguinte, 27, Dia Mundial do Teatro, também no Cineteatro mas dirigido a escolas, sobe ao palco “Asas de Papel”, pelo JAT – Janela Aberta Teatro. Uma história de amor, imaginação e esperança, entre uma mãe que se afoga no ritmo intenso do quotidiano e uma filha que se refugia num livro e na sua imaginação. A peça traz uma mensagem forte sobre a mecanização e desumanização da sociedade, e recorre a uma jovem atriz muito talentosa, de apenas 9 anos de idade.
A 27 de março, há novo workshop, de dança, no Palácio Gama Lobo, com a bailarina e coreógrafa Maria Fonseca, ela que traz a Loulé uma estreia, “Thy Brain”. Os participantes poderão exercer jogos e desafios individuais que levam a um conhecimento mais profundo do corpo e dos padrões habituais da mente. O trabalho de chão estará bastante presente.
A 31, a dança de “Thy Brain” sobe ao palco do Cineteatro Louletano, uma peça que tem o cérebro como pano de fundo. É o cérebro que comanda as coreografias conscientes e inconscientes do corpo físico, emocional e energético. E assim, Maria Fonseca traz-nos uma coreografia que tem tanto de físico como de cerebral, com a simplicidade e a complexidade que este órgão pode oferecer.
Por fim, a fechar o mês em grande, sopram as cornetas – perdão, os trompetes! É o FITA, Festival Internacional de Trompete, que decorre entre 31 de março e 2 de abril, entre o Cineteatro Louletano e o Auditório do Solar da Música Nova. Entre os destaques, o nome do Stockholm Chamber Brass, um quinteto de metais sueco que conta já com mais de 30 anos de carreira e é um dos melhores ensembles de metais do mundo! Poderá consultar o programa do FITA no site do Cineteatro Louletano.
Com uma programação de referência (que pode consultar no site e no Facebook do Cineteatro), recorde-se que o CTL está credenciado pela Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses, integrando ainda a Rede de Teatros com Programação Acessível e proporcionando espetáculos com interpretação em Língua Gestual Portuguesa para S/surdos (com “S” maiúsculo são falantes de Língua Gestual Portuguesa) e outros com Audiodescrição, para pessoas cegas ou com deficiência visual.
O CTL é uma estrutura cultural da Câmara Municipal de Loulé no domínio das artes performativas, e é também um dos promotores da Rede Azul – Rede de Teatros do Algarve e da Rede 5 Sentidos.