“O Vento Assobiando nas Gruas”, da autoria de Lídia Jorge, vai ser o segundo livro da escritora adaptado a filme. O primeiro foi “A Costa dos Murmúrios”, realizado por Margarida Cardoso.
Rita Cabaço, Milton Lopes, Ana Zanatti e Beatriz Batarda são alguns dos nomes que integrarão o elenco da longa-metragem que começa a ser rodada em Tavira já neste mês de abril.
O projeto, da realizadora suíça Jeanne Waltz, vai contar com apoio financeiro do fundo europeu Eurimages. A longa-metragem é uma produção luso-suíça e tem um orçamento de cerca de dois milhões de euros, como explicou à Lusa Joana Ferreira, da produtora C.R.I.M..
Jeanne Waltz, 58 anos, é uma realizadora suíça há muito radicada em Portugal, sendo autora de filmes como “Pas Douce” (2017), “Daqui p’rá alegria” (2007) – a primeira longa-metragem -, e “Morte macaca” (1997). Foi assistente de realização e decoradora, trabalhando com nomes como Joaquim Pinto, Manoel de Oliveira, Teresa Villaverde, António Campos e João César Monteiro.
O romance, publicado em 2002, valeu a Lídia Jorge vários prémios literários, entre os quais o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, e o Prémio Correntes d’Escritas/Casino da Póvoa.
Sobre a obra:
O “Vento Assobiando nas Gruas” é um livro ancorado sobre dois mundos – um mundo contemporâneo, envolvido com a transformação acelerada da Terra, movido pelo instinto selvagem de futuro, e um outro mais antigo, onde a história de uma velha fábrica se cruza com a sorte de uma família numerosa, recém-chegada de África.
Dois mundos, à primeira vista irreconciliáveis, e no entanto, a aproximá-los, por obra do acaso, caminha desde a primeira página a figura de Milene Leandro, a rapariga singular, para quem tudo nasce pela primeira vez, e que, na simplicidade do seu juízo, acabará por obrigar os outros à revelação de si mesmos.
Figura central, é precisamente através das mãos de Milene que o leitor entra na primeira página, e é ainda com ela que encerra a última, depois de ter conhecido a suas expensas o caso de um amor, de um crime e de um silêncio para sempre selado.
Por isso mesmo, o seu olhar desprevenido sobre a vida, o bem e o mal, assim como a avaliação que faz deste mundo, constituem a verdadeira matéria orgânica que constrói este livro.
Sobre Lídia Jorge:
É natural de Boliqueime, mas passou alguns anos decisivos em Angola e Moçambique. Formou-se em Filologia Românica na Universidade de Lisboa. Foi professora do Ensino Secundário e já escreveu mais de 20 livros editados em várias línguas, entre os quais romances, antologias de contos, e uma peça de teatro.
É umas das romancistas de maior sucesso na literatura portuguesa contemporânea. Escreveu várias obras como O Dia Dos Prodígios (1980), O Cais das Merendas (1982, Prémio Município de Lisboa), Notícia da Cidade Silvestre (1984), A Costa dos Murmúrios (1988), A Última Dona (1992), O Jardim Sem Limites (1995), O Vale da Paixão (1998), O Vento Assobiando nas Gruas (2002), o conto A Instrumentalina (1992), e a peça de teatro A Maçon. Ao longo da sua carreira recebeu inúmeros prémios, nomeadamente: Prémio Ricardo Malheiros (1980), Prémio Literário Município de Lisboa (1982, 1984), Prémio Bordalo de Literatura da Casa da Imprensa (1995, 1998), Prémio D. Dinis (1998), Prémio P.E.N. Clube Português de Novelística (1999), Prémio Máxima de Literatura (1999), Prémio Jean Monet de Literatura Europeia, Escritor Europeu do Ano (2000), Grande Prémio de Romance e Novela APE/DGLB (2002), Prémio Literário Casino da Póvoa (2004),
Lídia Jorge recebeu também o Prémio Internacional Albatroz de Literatura da Fundação Günter Grass (2006), Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura (2014), Prémio Vergílio Ferreira (2015), Prémio Urbano Tavares Rodrigues (2015), XXIV Grande Prémio de Literatura (2019), e o Prémio da Feira do Livro de Guadalajara em Línguas Românicas (2020). Foi condecorada com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal (9 de março de 2005) e com a distinção de Dama da Ordem das Artes e das Letras de França (13 de abril de 2005).