O Prémio Maria Veleda foi entregue há momentos ao professor, pedagogo e encenador José Louro numa cerimónia que foi marcada pelos afectos.
Foram muitas as pessoas que se deslocaram esta tarde ao Teatro Lethes em Faro para assistir à entrega deste prémio regional, instituído pela Direcção Regional de Cultura do Algarve e cujo primeiro galardão tinha sido atribuído há dois anos a Margarida Tengarrinha.
A directora regional de Cultura, Alexandra Gonçalves, e o presidente da Câmara de Faro fizeram as honras dos discursos, numa cerimónia recheada de apontamentos culturais e movida por um ambiente de amizade profunda e reconhecimento face a um nome maior da cultura e do teatro no Algarve.
Faro tem para com José Louro uma dívida de gratidão, diz Rogério Bacalhau
Sublinhando a dívida de gratidão da cidade de Faro e dos farenses para com o professor Louro, como é por muitos conhecido, Rogério Bacalhau destacou o serviço do pedagogo e homem do teatro às artes e à arte de palco em particular.
Para o autarca, o prémio mais do que merecido é apenas o justo reconhecimento do mérito de José Louro e Faro não deixará de procurar reconhecer pelas formas que melhor encontrar o percurso e o desempenho de vida de José Louro.
A directora regional de Cultura, sublinhou, os muitos actores e alunos que foram tocados pelo percurso profissional do laureado, mas não deixou de destacar a nota de uma vida que além de pugnar pela cultura se pautou por uma intervenção cívica de reconhecido valor.
Ovacionado de pé pelo público, José Louro recebeu o prémio que pretende “destacar e reconhecer a actividade cultural de personalidades algarvias, protagonistas de intervenções particularmente relevantes e inovadoras na Região”.
Realçando o papel das mulheres “merecedoras da sua emancipação por direito, esforço e luta próprios”, José Louro agradeceu emocionado a distinção e, mais emocionado ainda, deixou-se fotografar lado-a-lado com as netas num dia em que a emoção falou até para as duas pequenas mais alto.
Um retrato curto e simplista de um homem de enorme profundidade
Radicado no Algarve desde os 33 anos, José Luís Leite da Silva Louro, [ou professor Louro como sempre o conheci e tratei] é um nome absolutamente incontornável do teatro em Faro e na região, há-os outros, mas este é um deles.
Professor, encenador, programador cultural, esteve na génese de várias companhias de teatro na região e estabeleceu ligações com muitas mais e com várias gerações de actores, de amantes e de enamorados do teatro.
Semeou – que outro termo não existe – teatro e cultura um pouco por todo o lado e um pouco nas almas de tanta gente e o plantio não foi em vão. Sin-Cera e ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve são apenas dois dos exemplos de companhias teatrais com créditos firmados no Algarve fundadas por si e casos acabados dos frutos de um percurso que teve tanto de pródigo como de tenaz.
Passou pela programação do Lethes e do Teatro Municipal de Faro e, mais uma vez, ali deixou a sua marca, estando sempre que fez sentido e deixando de estar quando assim lhe pareceu.
Enquanto encenador são vários os actores que experimentaram o saber e o estar de um homem que ajudou a construir discursos dramatúrgicos, a vingar ideias e visões conceptuais e a nascer personagens, explorando o melhor de cada homem e mulher de palco com a mestria e a calma de quem domina o que faz na procura de fazer sempre melhor.
Aos alunos encarou-os e desmistificou- lhes o teatro nos primeiros passos, cingiu-lhes o passo do caminho certo para entender a arte das tábuas, para perder os medos, para enfrentar o eu e eu feito outro da personagem.
Sempre sereno e ponderado, de discurso amadurecido, a ideia que encontro para melhor o definir e a que marca o título deste texto, um homem impressionante que em todos quantos consigo se cruzaram não deixou de deixar profunda impressão.