A Bertrand do Chiado, situada na Rua Garrett, em Lisboa, é um dos tesouros culturais mais estimados de Portugal, tendo sido reconhecida pelo Guinness World Records, em 2011, como a livraria mais antiga do mundo em funcionamento contínuo. Fundada em 1732 por Pedro Faure, a Bertrand tem resistido a inúmeros eventos históricos, incluindo o terramoto de 1755, guerras, e transformações políticas, mantendo-se um símbolo de resistência e cultura ao longo dos séculos, segundo o NCultura.
A história da Bertrand é marcada por uma duradoura ligação à família Bertrand, que começou em 1742 quando Pedro Faure fez sociedade com o francês Pierre Bertrand. O nome “Irmãos Bertrand” surgiu em 1753 após o falecimento de Faure e a continuidade do negócio pelos irmãos Bertrand. Após a destruição causada pelo terramoto de 1755, a livraria mudou-se temporariamente para perto da Capela de Nossa Senhora das Necessidades, voltando à Baixa Pombalina em 1773, onde permanece até hoje, na emblemática Rua Garrett.
Visitar a Bertrand do Chiado é como fazer uma viagem no tempo. A livraria oferece aos seus visitantes um percurso por sete salas dedicadas a grandes nomes da literatura portuguesa. Na entrada, encontra-se a sala Aquilino Ribeiro, conhecida como o “Cantinho do Aquilino”, um espaço onde o escritor passava horas a ler e refletir. Outras salas são dedicadas a autores como José Saramago, Eça de Queiroz, Almada Negreiros, Alexandre Herculano e Sophia de Mello Breyner, cada uma com uma estante destacando suas obras e uma placa explicativa sobre suas vidas e contribuições literárias.
A Bertrand do Chiado não é apenas uma livraria, mas também um ponto de encontro de intelectuais e escritores ao longo dos tempos. Almeida Garrett, numa das suas cartas, elogiou o trabalho dos irmãos Bertrand, reconhecendo a importância do espaço para a cultura portuguesa. Frequentada por figuras ilustres como Bocage, José Agostinho Macedo e Curvo Semedo, a livraria foi palco de tertúlias literárias da Geração de 70, com a presença de escritores como Alexandre Herculano, Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão.
Mais recentemente, a Bertrand do Chiado expandiu a sua oferta cultural com o Café Bertrand, acessível tanto pela livraria como pela Rua Anchieta. Este café propõe uma ementa inspirada na cozinha portuguesa e na literatura, oferecendo mais de 60 referências de vinhos nacionais. Decorado com um mural de Fernando Pessoa pela artista Tamara Alves, o espaço proporciona uma experiência única onde a gastronomia e a literatura se encontram. Cada prato do menu é inspirado em livros de gastronomia, vinhos e poesia, tornando cada refeição uma extensão da experiência cultural proporcionada pela livraria.
Com a sua rica história e contínua relevância, esta livraria é um testemunho vivo da resiliência e da paixão pela literatura que caracteriza a cultura portuguesa. Esta livraria não só vende livros, mas também guarda e compartilha histórias, sendo um verdadeiro monumento à cultura e à história de Portugal.
Leia também: Há um novo sinal de trânsito em Tavira que pode não conhecer