O Museu de Portimão vai implementar no Centro de Interpretação de Alcalar a actividade pioneira “Vamos trabalhar numa Horta pré-histórica”, visando dinamizar o espaço em frente àquele equipamento cultural, para o transformar num ateliê para os mais novos.
Este novo projecto também pretende apoiar o visitante na compreensão do quotidiano da comunidade que viveu no local há cerca de cinco mil anos, tendo sido encontradas sementes de diversas plantas, como favas, ervilhas ou lentilhas, no povoado de Alcalar, onde o uso do regadio era frequente, assim como as sementeiras de sequeiro, o trigo e a cevada.
Com base nos dados recolhidos em vários estudos ali efectuados, será construída uma horta pré-histórica dividida em duas áreas de plantio: a norte serão cultivadas as plantas hortícolas (favas, ervilhas e lentilhas); a sul serão semeados os cereais (trigo e cevada).
Os instrumentos usados nas práticas agrícolas serão feitos de pedra, madeira e osso, como as enxós, os machados, os arados e todas as ferramentas necessárias aos trabalhos do campo, sendo esses utensílios produzidos pelo Museu de Portimão, com o objectivo de testar a destreza e a dificuldade de cultivo daquela época.
Os mais novos serão sensibilizados para as origens da agricultura e a sua importância durante os ateliês que decorrerão em três fases distintas: 1ª “amanhar a terra”; 2ª “semear e regar” e 3ª “colher e aprovisionar”.
Para além dos ateliês, será apresentado um pequeno filme onde poderão ser vistos a construção de ferramentas pré-históricas e o cultivo dos terrenos, tal como se pensa que seria nos tempos pré-históricos.
Na segunda fase deste projecto, que integra a oferta da Oficina Educativa do Museu de Portimão, será construída uma cabana pré-histórica e silos (zonas destinadas à armazenagem de cereais), partindo das matérias-primas locais, mais uma vez com base em estudos científicos já realizados no povoado, onde os visitantes ficarão a conhecer o tipo de habitações e as suas zonas funcionais.
Comunidade muito activa
Há cinco mil anos, o território de Alcalar – situado entre a serra e o mar – oferecia uma gama ampla de recursos de subsistência, o que levou a uma intensa ocupação humana, evidência que se encontra testemunhada pelos vestígios dos povoados e dos sepulcros que chegaram até à actualidade.
A comunidade alcalarense realizou diferentes actividades, o que lhe garantiu a subsistência, nomeadamente a agricultura, a pesca, o marisqueio, a caça, a pastorícia, a moagem, a tecelagem, a olaria, a metalurgia e também a produção de ferramentas (pedra, madeira, osso e cobre) e a construção de habitações e monumentos funerários.
Junto da Ria de Alvor praticou-se a pesca e o marisqueio, enquanto no interior as nascentes de água potável e os numerosos cursos de água, como as ribeiras do Farelo, Arão e Torre, permitiam a existência de solos férteis apropriados a uma agricultura mista (sequeiro e regadio).
A produção de cereais (trigo e cevada), e de hortícolas (favas, ervilhas, lentilhas, etc.), conjuntamente com a exploração de gado (cabras, ovelhas, vacas, porcos e cavalo), faziam parte do quotidiano deste povo pré-histórico.