A Mákina de Cena estreia, na sexta-feira, no Cineteatro Louletano, em Loulé, a peça “Dois perdidos no horror elíptico da sobremodernidade”, uma tragicomédia em torno do absurdo da existência, da espera e das relações humanas.
A produção, inspirada na obra “À espera de Godot”, de Samuel Beckett, reúne em palco cinco atores locais, amadores e semiprofissionais, mas envolve ao todo uma equipa de 12 pessoas, contou à Lusa a encenadora e também codiretora artística da Mákina de Cena, Carolina Santos.
Tendo como cenário a zona de chegadas de um aeroporto, a peça incorpora alguns elementos relacionados com a pandemia de covid-19 – que surge, justamente, durante o processo criativo -, acabando por marcar, também, o universo desta produção.
“Relocalizámos a peça no aeroporto e com os ensaios já no ‘pós-covid’, começámos a introduzir elementos pós-pandemia. Há toda uma data de marcações físicas que nos vão lembrar muita coisa que se passa no nosso dia-a-dia”, refere Carolina Santos.
As cenas desenrolam-se algures “num futuro em que as coisas para a humanidade não estão a correr da melhor maneira” e, mesmo apesar de inicialmente a peça estar a caminhar para um universo pós-apocalíptico, a pandemia reforçou ainda mais esse cenário.
“Curiosamente, já em março, nós estávamos a caminhar muito para um universo pós-apocalíptico e a tentar atualizar essa ideia de um mundo que caminha para o caos e de como seria a espera e as personagens que existem, ou existiriam, se a bolha rebentasse. E, de repente, a bolha rebentou”, salienta.
A peça “Dois perdidos no horror elíptico da sobremodernidade” é interpretada por Filipa Rodrigues, João Caiano, Pedro Paulino, Renato Brito e Tatá Regala.
Depois da estreia, na sexta-feira, em Loulé, que já tem lotação esgotada, o objetivo é levar a peça a outros palcos, no Algarve e no país.
O espetáculo é financiado pela Câmara de Loulé, através do Cineteatro Louletano, no âmbito da Bolsa de Apoio ao Teatro.
A Mákina de Cena, criada em março de 2018, é uma estrutura profissional de criação artística sediada em Loulé, sob direção artística de Carolina Santos e Marco Martins.