A Câmara de Lagos quer que o Forte da Meia Praia retorne ao domínio municipal, para travar a degradação e abandono do monumento construído no século XVII.
Construído em 1674, o Forte da Meia Praia, ou Forte de São Roque, foi entregue à Câmara de Lagos em 1873, que o cedeu gratuitamente à alfândega, tendo funcionado até meados da década de 90 do século passado como posto da antiga Guarda Fiscal.
Em Janeiro deste ano, foi classificado como monumento de interesse público.
Em declarações à Lusa, a vereadora com o pelouro da cultura na Câmara de Lagos, Maria Fernanda Afonso, revelou que a autarquia está a tentar recuperar o forte, na posse do Estado, para que seja “reabilitado e colocado ao serviço da comunidade”.
A autarca considerou que não existe documentação da cedência do imóvel para a alfândega, “pelo menos nos documentos da vereação da época”.
Apesar disso, a vereadora acredita que “será encontrado um entendimento que permita reabilitar o imóvel, já que o estado de degradação completa e total não é do interesse nem da autarquia nem da tutela”.
A Assembleia Municipal de Lagos solicitou, por duas vezes ao Governo – em 2004 e em 2007 – a transferência do imóvel para a tutela do município, propostas que foram recusadas.
Autarquia tem projectos para o Forte da Meia Praia
Segundo a vereadora Maria Fernanda Afonso, a autarquia tem projectos para o Forte da Meia Praia, nomeadamente a instalação de um centro de actividades ambientais ou um núcleo museológico marítimo.
“Não só ao nível dos Descobrimentos marítimos como a nível histórico, este forte faz parte das fortificações do barlavento algarvio”, sublinhou.
“Não temos documentos que comprovem a cedência e, além disso, em 1973 o secretário de Estado da Instrução e Cultura fez um despacho em que classifica o Forte da Meia Praia como imóvel de interesse público. Essa classificação só veio oficialmente a ser feita em Janeiro de 2014, com a publicação em Diário da República”, indicou.
O historiador José António Martins considera o Forte da Meia Praia como um dos ícones das fortificações marítimas da Praça de Guerra de Lagos e do património arquitectónico militar, integrando-se “num estilo conhecido como o Maneirismo”.
“É um forte que espelha toda a grande construção que foi feita no século XVII, no reinado de D. Afonso VI, e é um dos ex-libris de toda a zona nova da cidade de Lagos”.
Para José António Martins, o imóvel deve ser recuperado o mais urgente possível para evitar a degradação total, “porque se ele é bom para ser classificado como imóvel de interesse público, é bom também para a população do país em geral e de Lagos em particular”.
Estrategicamente implantado numa zona central da Baía de Lagos, o Forte da Meia Praia, constituía uma das fortificações complementares de defesa da costa algarvia ao longo da Idade Moderna.
Parcialmente destruído pelo terramoto de 1755, foi recuperado em 1766. Foi desarmado e desartilhado em 1840.
(Agência Lusa)