Patrimonialização dos bens religiosos medievais, modernos e contemporâneos
Da totalidade dos edifícios religiosos e assistenciais existentes no Algarve, edificados nas épocas medieval, moderna e contemporânea – isto é, entre os séculos 8.º e 21.º –, encontram-se patrimonializados (isto é, reconhecidos como herança cultural comum das comunidades) cerca de oito dezenas de imóveis, entre os quais se incluem: duas catedrais e diversas igrejas, ermidas, cruzeiros e capelas, algumas destas integradas em fortalezas e casas nobres. A titularidade destes imóveis classificados (com grau nacional, a maioria, ou municipal) pertence ao Estado, a fábricas da igreja, a Misericórdias, e a outras congregações religiosas e entidades privadas.
Relativamente ao reconhecimento desse património religioso, datável de época medieval, moderna e contemporânea, encontra-se disponível em linha, no sítio da internet da DGPC, o Atlas do Património Classificado e em Vias de Classificação. Este atlas resulta de um trabalho de cooperação institucional entre a DRCAlg e a DGPC, com o indispensável contributo dos municípios, e disponibiliza informação e permite a monitorização das cerca de duas centenas de bens culturais imóveis patrimonializados localizados no Algarve e respetivas zonas de proteção, nomeadamente informação georreferenciada e caraterização sumária referente aos edifícios religiosos medievais, modernos e contemporâneos classificados e em vias de classificação da região.
Para os bens integrados e móveis de cariz religioso, o Algarve conta com um exaustivo inventário artístico da talha e da imaginária realizado por Francisco Lameira e publicado pelos serviços regionais da cultura, cobrindo a totalidade dos municípios algarvios.
No que se refere ao conhecimento científico do património religioso de matriz cristã, é indispensável mencionar o importante contributo dos investigadores da Universidade do Algarve, nomeadamente de José Eduardo Horta Correia (trabalhos de investigação da arquitetura religiosa do século XVI e da obra de Francesco Fabri), de Catarina Almeida Marado (trabalhos de investigação dos antigos conventos do Algarve), de Francisco Lameira (trabalhos de investigação da talha e dos retábulos tardomedievais e modernos). Mas deve-se também destacar o contributo de outros investigadores, como Mário Tavares Chicó e Pedro Dias (sobre a arquitetura gótica tardomedieval e manuelina) ou Vítor Serrão (sobre a pintura dos séculos 16 e 17), outros com importantes trabalhos de investigação e síntese, quer seja sobre a arquitetura religiosa no Algarve, como Manuel Castelo Ramos (época dos Descobrimentos), José Manuel Fernandes (do gótico ao ciclo pombalino), Carla Fernandes (época medieval), Daniel Santana e João Miguel Simões (época medieval e moderna), sobre os bens culturais das Misericórdias do Algarve, como Maria Helena e Victor Mendes Pinto (bens artísticos), sobre a arte sacra da Diocese, maioritariamente conservada nos templos ou nos museus e coleções visitáveis da região, como Isabel Macieira e Marco Santos, ou sobre os fundos arquivísticos manuscritos da Diocese, das Misericórdias e de outras irmandades religiosas, como Luís Miguel Duarte, Fernando Callapez Correia e Luísa Martins. Sendo ainda de mencionar, sobre a edição impressa e a atividade editorial da Igreja no Algarve, os contributos recentes de Patrícia de Jesus Palma.
Salvaguarda dos edifícios religiosos medievais, modernos e contemporâneos
Compete à Direção Regional de Cultura do Algarve, através da sua Direção de Serviços dos Bens Culturais, propor o plano regional de intervenções prioritárias em matéria de estudo e salvaguarda do património arquitetónico e arqueológico, bem como os programas e projetos anuais e plurianuais da sua conservação, restauro e valorização, e assegurar a respetiva promoção e execução.
Isto é, compete à DSBC conceber e atualizar um plano de ação de produção de conhecimento científico, salvaguarda e valorização sociocultural dos bens imóveis classificados de grau nacional existentes na região.
A elaboração regular do Plano teve início em janeiro de 2010. O Plano identifica as situações de risco, estabelece prioridades de intervenção e define investimentos. Esta metodologia tem privilegiado o diálogo com os municípios, facilitando uma ação regional concertada, e nela se baseou o mapeamento de investimentos do CRESC Algarve 2020 no domínio do património cultural, elaborado com base em trabalho conjunto com a coordenação da CCDR Algarve e que, no âmbito do Eixo Prioritário 4 – Reforçar a competitividade do Território / Mapeamento dos investimentos em infraestruturas culturais, inclui diversos edifícios religiosos necessitados prioritariamente de intervenções de conservação e requalificação.
(Artigo publicado no Caderno de Artes Cultura.Sul)