Nos dias de hoje, é quase impossível imaginar a vida urbana sem semáforos, mas este dispositivo essencial teve um percurso repleto de desafios e inovações. Diferente de muitas invenções, o semáforo não foi criação de uma só mente, mas o resultado de várias tentativas ao longo dos anos. Conheça a evolução dos semáforos ao longo da história, como conta o Razão Automóvel.
O primeiro registo de um semáforo data de 1868, em Londres, perto do Palácio de Westminster. Criado por J.P. Knight, este semáforo inicial baseava-se no sistema ferroviário: dois braços móveis operados manualmente por um agente da autoridade. Quando estendidos horizontalmente, indicavam “pare”; inclinados a 45 graus, significavam “siga com cuidado”. À noite, duas lâmpadas a gás, uma verde e outra vermelha, reforçavam estas indicações. Contudo, uma fuga de gás resultou numa explosão que feriu o polícia operador, e a ideia foi abandonada até 1912.
Em 1912, o polícia Lester Farnsworth Wire, de Salt Lake City, Utah, nos Estados Unidos da América, desenvolveu o primeiro protótipo de um semáforo elétrico. Este sistema consistia numa caixa de madeira montada num poste, com luzes vermelhas e verdes em cada lado, colocada num cruzamento. Apesar da inovação, este semáforo ainda necessitava de operação manual por um agente de trânsito e foi apelidado de “jaula de Wire” devido à sua receção negativa.
O primeiro sistema de semáforo elétrico bem-sucedido surgiu em 1914, concebido pelo engenheiro James Hoge em Cleveland, Ohio. Semelhante ao sistema de Wire, consistia numa cabine onde um agente operava as luzes vermelhas e verdes que iluminavam as palavras “STOP” (pare) e “GO” (ande). Hoge pediu a patente em 1915, concedida em 1918, marcando um passo decisivo para o semáforo moderno.
Em 1917, William Ghiglieri patenteou um semáforo elétrico automatizado, seguido, em 1920, pela introdução do semáforo tricolor — vermelho, amarelo e verde — por William Potts, um polícia de Detroit. Este sistema tornou-se o padrão global. Garrett Morgan, em 1923, patenteou um semáforo com uma terceira posição que parava o trânsito em todas as direções, dando aos condutores tempo para parar ou atravessar o cruzamento.
O sistema de três cores, vermelho, amarelo e verde, sem recurso a palavras, estabeleceu-se como a norma universal. Introduzido por Potts, este formato permanece em uso até hoje, com adaptações mínimas.
Em Portugal, a introdução dos semáforos ocorreu já numa fase tardia. O primeiro foi instalado a 27 de março de 1971, no cruzamento entre a Rua Saraiva de Carvalho e a Rua Ferreira Borges, em Campo de Ourique, Lisboa. Esta instalação, mais de meio século após as primeiras tentativas, sublinhou a necessidade de regular o trânsito nas cidades em expansão.
A trajetória dos semáforos é um exemplo de inovação progressiva e cooperação internacional. Desde os primeiros sinais a gás em Londres até aos sistemas tricolores automatizados de hoje, os semáforos evoluíram para se tornarem elementos cruciais na gestão do tráfego urbano. Mais de um século após a sua invenção, continuam indispensáveis nas nossas estradas, garantindo segurança e eficiência no fluxo rodoviário.
Leia também: Verifique a idade da reforma em Portugal e valores que pode receber