A Valorcar defendeu esta sexta-feira que o futuro Governo deve manter no Orçamento de Estado para 2024 os incentivos ao abate dos veículos em fim de vida para renovar o parque automóvel e melhorar o ambiente.
“Achamos que seria importante manter essa medida e acreditamos que será mantida”, disse à Lusa o diretor de operações da Valorcar – Sociedade de Gestão de Veículos em Fim de Vida, José Amaral.
O Orçamento do Estado para 2024 prevê 129 milhões de euros para um programa de abate de cerca de 45 mil veículos em fim de vida, assim como incentivos à compra de carros elétricos.
No entanto, o Governo decidiu adiar a regulamentação destas medidas, deixando a responsabilidade para o futuro executivo de Luís Montenegro, que irá tomar posse na terça-feira e poderá fazer retificações ao OE 2024.
“Seria interessante, a nível nacional, promover medidas para reduzir a idade do parque automóvel e acelerar o processo dos veículos mais velhos serem entregues para abate”, defendeu José Amaral.
O dirigente disse que a idade média dos veículos em final de vida recebidos nos centros de abate da Valorcar ultrapassou os 24 anos em 2023, seguindo uma tendência que já vem de longe e refletindo o envelhecimento do parque automóvel português.
Em resultado, a entidade abateu no ano passado cerca de 100 mil veículos, menos 7,5% do que em 2022.
Ou seja, sublinhou José Amaral, as estradas portuguesas têm a circular mais veículos que são mais poluentes do que os mais recentes e cujos padrões de segurança são também menos exigentes.
O dirigente da Valorcar, constituída pela Associação Automóvel de Portugal (ACAP), disse que os portugueses não compram veículos mais recentes por razões económicas – “a capacidade aquisitiva é menor do que em outros países” – mas também devido à política fiscal.
Em outubro, a ACAP defendeu a redução das taxas de tributação autónoma em 10%, para promover a renovação do parque automóvel e a descarbonização.
José Amaral falava à margem do Fórum e exposição internacional de cooperação ambiental de Macau 2024 (MIECF, na sigla em inglês), onde falou sobre a reciclagem de veículos elétricos, nomeadamente das baterias.
Dois em cada cinco veículos vendidos na China são elétricos, representando estas vendas 60% do total mundial.
Mas em Portugal a gestão de veículos elétricos ainda é “um desafio bastante recente”, sendo que os primeiros “só deverão chegar ao fim de vida daqui a cerca de 10 anos”, disse José Amaral.
Ainda assim, a Valorcar pretende, “no espaço de um ano, vir a ter unidades que também vão permitir reaproveitar os materiais que estão no interior das células” das baterias de veículos elétricos.
A Valorcar é uma entidade privada, sem fins lucrativos, que possui licenças do Estado Português para gerir os sistemas integrados de veículos em fim de vida e de resíduos de baterias e acumuladores.
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