A paróquia católica de Tavira realiza esta sexta-feira uma via-sacra por ocasião da Quaresma e faz uma oração pela paz na Ucrânia, que contará com a presença da comunidade ucraniana no Algarve, disse à Lusa o pároco local.
Em declarações à Lusa, Miguel Neto deixou um apelo a “todos os católicos e membros de outras confissões” para se unirem à iniciativa, que será presidida, a partir das 21:00, por Oleg Trushko, padre ucraniano que “percorre o Algarve a celebrar eucaristias” para a comunidade católica desse país.
“Normalmente, nesta altura da Quaresma, costumamos ter sempre vias-sacras, que eram normais antes da pandemia [de covid-19], mas depois não eram possíveis por causa da questão da aglomeração de pessoas. Neste caso, como há uma forte comunidade ucraniana em Tavira e costuma haver uma celebração uma vez por mês de um padre ucraniano, do qual sou amigo, surgiu a ideia de propormos se eles queriam rezar connosco”, afirmou Miguel Neto.
Durante cerca de uma hora “será feito um percurso para recordar a morte e a crucificação de [Jesus] Cristo, onde se realizarão 14 paragens e, em cada uma delas, haverá um momento de oração” pela paz na Ucrânia e o fim do conflito armado iniciado há oito dias com a entrada de tropas da Rússia em território ucraniano.
O pároco de Tavira disse que a “comunidade ucraniana estará presente desde o início no percurso” e apelou à “participação de todos” nesta iniciativa religiosa católica.
“Crentes e não crentes, católicos e membros de outras confissões religiosas, todos os cidadãos, nacionais ou estrangeiros, visitantes ou residentes, estão convidados a participar nesta oração”, lê-se num comunicado da paróquia.
Segundo Miguel Neto, a oração pela paz na Ucrânia “é o mínimo que se pode fazer” para estar ao lado da comunidade desse país no Algarve, que, salientou, “faz parte da vida” local e “trabalha e estuda” na região.
“Somos solidários e o nosso coração de cristãos leva a que queiramos estar unidos em oração, pedindo o fim desta guerra que não tem justificação”, concluiu o pároco de Tavira.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades.
As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 1,2 milhões de refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia, entre outros países.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a “operação militar especial” na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.