Vladimir Putin pode passar a imagem de líder solitário e isolado, mas o presidente da Rússia tem o seu círculo interno, um séquito leal que o acompanha na “operação militar especial”, como Putin chamou à guerra na Ucrânia. Muitos começaram no KGB (a principal organização de serviços secretos da União Soviética) e seguem-no desde então. Quem são, afinal, os aliados próximos de Putin que o estão a ajudar a gerir a invasão à Ucrânia?
Sergei Shoigu, ministro da Defesa
É o confidente de longa data de Vladimir Putin. Acompanha-o na narrativa de desmilitarizar a Ucrânia e proteger a Rússia da alegada ameaça militar do Ocidente. É uma das vozes mais influentes para o presidente e já foi visto como um dos seus potenciais sucessores, no passado.
Sergei Shoigu foi um dos responsáveis pela anexação da Crimeia à Federação Russa, em 2014; foi também responsável pela agência de inteligência militar russa (GRU); e acusado de dois envenenamentos por agentes nervosos: a Sergei Salisbury (fatal), em 2018, e a Alexei Navalny, em 2020 (sobreviveu). Shoigu é ministro da Defesa da Rússia desde 2012.
Valery Gerasimov, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas
Tem desempenhado um papel importante nas campanhas militares de Vladimir Putin desde que comandou um exército na Guerra da Chechénia de 1999. Também esteve à frente do planeamento militar da Ucrânia, supervisionando exercícios militares na Bielorrússia.
O general Gerasimov também desempenhou um papel fundamental na operação para anexar a Crimeia à Rússia. Valery Gerasimov é chefe do Estado-Maior das Forças Armadas desde 2012 também.
Nikolai Patrushev, secretário do Conselho de Segurança
É um dos “putinistas” mais leais. Tem servido o presidente do russo desde os anos 70, em São Petersburgo, quando a cidade ainda era conhecida como Leninegrado.
Nikolai Patrushev é um dos homens de confiança com maior influência sobre Putin. Trabalhou com o presidente na antiga KGB, durante a era comunista, e substituiu-o como chefe da FSB, a organização sucessora, entre 1999 e 2008. Desde esse ano que Patrushev é secretário do Conselho de Segurança da Rússia, órgão consultivo do presidente em matéria de segurança nacional.
Alexander Bortnikov, diretor do Serviço Federal de Segurança (FSB)
Putin confia mais nas informações que recebe dos serviços de segurança russos do que em qualquer outra fonte, dizem os observadores do Kremlin, e Alexander Bortnikov é uma dessas fontes.
Também esteve na antiga KGB durante longos anos e, já na FSB, assumiu a liderança do serviço federal de segurança em 2008, quando o antigo diretor, Nikolai Patrushev, saiu. É, por isso, conhecido por ser próximo do presidente.
Sergei Naryshkin, diretor do Serviço de Inteligência Estrangeiro (SVR)
Sergei Naryshkin permaneceu ao lado de Putin durante grande parte da sua carreira: desde os anos 90 que acompanha o presidente. Foi chefe de Gabinete do Kremlin (2008-2012) e presidente da Duma (2011-2016), a câmara baixa da Assembleia Federal da Rússia.
Naryshkin também dirige a Sociedade Histórica Russa, provando ser valioso por fornecer a Putin fundamentos ideológicos para as suas ações. É ainda diretor do Serviço de Inteligência Estrangeiro desde 2016.
Sergei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros
Apesar de não ser considerado tão influente na tomada de decisões, Sergei Lavrov, 71 anos, é uma prova de como Vladimir Putin confia no seu passado. Já foi embaixador do país nas Nações Unidas (1994-2004). Desde 2004 que assumiu o cargo de ministro da Defesa.
Lavrov é também o chefe da diplomacia russa. Esta quarta-feira, acusou o Ocidente de querer uma guerra nuclear. No dia anterior, ficou a falar sozinho durante o Conselho dos Direitos Humanos da ONU, depois de dezenas de diplomatas terem abandonado a sala como forma de boicote ao seu discurso.
Valentina Matviyenko, presidente do Conselho da Federação
Valentina Matviyenko nasceu na Ucrânia. É diplomata, política e outra amiga leal de Putin e uma das poucas figuras femininas no círculo interno do presidente.
Ajudou a conduzir a anexação da Crimeia em 2014. Recentemente, supervisionou o voto da câmara alta do Parlamento para autorizar o destacamento das forças russas, abrindo caminho à invasão da Ucrânia. É presidente do Conselho da Federação Russa desde 2011, a câmara alta da Assembleia Federal.
Viktor Zolotov, diretor da Guarda Nacional
É o antigo guarda-costas do presidente e, desde 2016, dirige a Guarda Nacional da Rússia, mais conhecida como Rosgvardia. Foi formada por Putin há seis anos e é uma espécie de exército pessoal do presidente.
Ao escolher a sua própria guarda pessoal de segurança, Putin certificou-se da sua lealdade. Por isso, Zolotov é um dos homens de confiança que pertence ao seu círculo interno. Também é membro do Conselho de Segurança da Rússia.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL