Aprincipal agência noticiosa estatal russa, Tass, lançou esta sexta-feira uma reportagem sobre tropas da autoproclamada República Popular de Donetsk — reconhecida como independente pela Rússia, território ucraniano à luz do direito internacional — que estariam a “libertar” a cidade de Volnovakha (leia-se, tomá-la) e outras localidades daquela regiao do leste da Ucrânia.
Segundo o mesmo órgão, forças russas terão assumido o controlo de dois aeroportos militares ucranianos. Outra história diz respeito a 220 mil pessoas levadas da Ucrânia para a Rússia para fugirem à guerra, entre alas 50 mil cidadãos russos. Já a agência RIA Novosti cita um analista que alerta o Ocidente para o risco de este cair na bancarrota devido ao preço do petróleo e dos metais importados da Rússia, por efeito das sanções impostas a Moscovo e das contra-sanções adotadas pelo regime de Vladimir Putin.
A RIA Novosti dá conta do discurso do Presidente russo numa videoconferência com o seu Conselho de Segurança. O autocrata sorri à ideia de aceitar combatentes voluntários do Médio Oriente para combater na regiao do Donbas, onde ficam as “repúblicas” separatistas. O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, afirmou nessa reunião virtual que Donetsk e Luhansk já tinham propostas de 16 mil guerreiros prontos a intervir. Estas palavras parecem confirmar os receios dos Estados Unidos da América de que Putin poderia ir buscar homens à Síria para reforçar o ataque a Kiev e outras cidades ucranianas.
Na televisão, a rede pública Channel One informa que “nacionalistas ucranianos” mantêm como reféns mais de 7000 estrangeiros de 21 países, e que a Rússia pediu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas para debater “laboratórios biológicos na Ucrânia, que funcionam sob a égide do Pentágono”.
A TESE DO LABORATÓRIO AMERICANO
Esta notícia dá continuidade ao tema preferido dos meios de comunicação públicos russos na quinta-feira: alegar que a Ucrânia está a ser usada como base para desenvolver armas químicas e bilogicas. Nesse dia a Casa Branca alertou que Moscovo poderia usar precisamente esse tipo de armas na Ucrânia.
A Rossiya 24, canal noticioso que funciona 24 horas por dia na Rússia, afirmou que “batalhões nacionalistas” estavam a usar escolas e hospitais como alvos de tiro. Dois dias antes, os órgãos de comunicação internacionais tinham noticiado o ataque aéreo russo a um hospital pediátrico e maternidade na cidade cercada de Mariupol, no sul da Ucrânia. A Rússia desmentiu tudo.
A versão russa da BBC, bloqueada na Rússia mas acessível através de redes virtuais privadas (VPN), reproduziu o tweet de um jornalista ucraniano – a rede social também está proibida na Rússia –, segundo o qual Marianna Podgurskaya, que o regime russo acusou de “falsa” por ter testemunhado o bombardeamento de Mariupol, dera à luz uma menina.
O mesmo canal britânico difundiu, sexta-feira de manhã, outras notícias que os media estatais ignoram: um padre ortodoxo russo na região de Kostroma que foi multado em 35 mil rublos (270 euros) por ter pregado um sermão contra a guerra; e o opositor russo Aleksei Navalny apelou, no Instagram, a manifestações contra a guerra para sábado, 13 de março, em toda a Rússia.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL