Depois de um ano marcado pelo aumento do custo de vida, 2025 trará novos desafios para os portugueses, com aumentos já confirmados em vários produtos e serviços. Saiba quais os bens essenciais que vão encarecer, os que devem manter os preços e aqueles que poderão ficar mais baratos, com a ajuda deste artigo.
Laticínios: preços estáveis, mas com possíveis subidas pontuais
Em 2024, o preço dos laticínios em Portugal manteve-se estável, embora o aumento do IVA para 6% tenha provocado ajustes. Segundo a Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (Fenalac), esta estabilidade ajudou a garantir previsibilidade num setor afetado pelos custos elevados de produção.
Idalino Leão, presidente da Fenalac, destacou que “2024 foi o primeiro ano de realinhamento após um período de alterações estruturais nos preços dos bens alimentares”, devido a fatores como a energia, fertilizantes e cereais. No entanto, reforçou que é fundamental assegurar preços justos para os produtores, para evitar o abandono da atividade. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) também apontou uma subida de 20,1% no índice global de preços dos laticínios em novembro de 2024, devido à elevada procura e escassez de oferta na Europa Ocidental.
Para 2025, espera-se estabilidade nos preços ao consumidor, especialmente nos bens essenciais, mas com possíveis subidas relacionadas com o aumento do salário mínimo e dos custos energéticos. “Sem previsibilidade e estabilidade, o abandono da atividade aumentará, comprometendo a soberania alimentar do país”, alertou Idalino Leão.
Pão: aumento esperado
O preço do pão deverá subir em 2025, impulsionado pelo aumento dos custos de produção e do salário mínimo, que será de 870 euros, como avança a Executive Digest. Deborah Barbosa, presidente da Associação do Comércio e da Indústria de Panificação (ACIP), explicou que “o preço do pão deverá continuar a subir devido aos custos de energia, transporte e matérias-primas”.
Embora os consumidores ajustem as compras a quantidades menores devido à perda de poder de compra, a procura por produtos artesanais e de qualidade continua alta. Apesar do aumento esperado, a ACIP destaca que Portugal mantém preços baixos em comparação com outros países da União Europeia.
Azeite: preços podem descer
Depois de dois anos de escassez e preços recorde, 2025 deverá trazer alguma descida no preço do azeite, graças à recuperação da produção. Mariana Matos, secretária-geral da Casa do Azeite, mostrou-se otimista com a estabilização do mercado e o aumento do consumo, embora tenha alertado para a volatilidade dos preços: “A tendência geral será de abaixamento dos preços na origem, mas dependerá de fatores como o consumo global e as estimativas da próxima campanha.”
Frutas e legumes: preços incertos
Os preços de frutas e legumes estão dependentes de fatores como a conjuntura económica e as cadeias de abastecimento. Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), destacou que “os preços estão demasiado dependentes da conjuntura económica e de eventuais disrupções nas cadeias de abastecimento”. Para conter aumentos, o bom funcionamento do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC) será essencial.
Carne e ovos: aumentos até 10%
Os preços da carne em Portugal deverão aumentar entre 5% e 10% em 2025, devido aos custos de produção, como rações e energia. Graça Mariano, diretora da Associação Portuguesa de Industriais de Carne (APIC), explicou: “Os custos crescentes com energia, rações e transporte estão a impulsionar esta tendência.”
Os ovos deverão seguir a mesma trajetória, com aumentos esperados na ordem dos 5% a 10%, devido às condições climáticas e à subida dos custos de produção.
Café: subida significativa
O preço do café vai aumentar em 2025, com a chávena em cafés e pastelarias a poder custar até mais 30 cêntimos. O aumento reflete a subida dos preços do grão no mercado internacional, agravada por fenómenos climáticos no Brasil e Vietname. Segundo a ProVar, associação nacional de restaurantes, o preço médio de uma dose poderá passar de 1,20 euros para 1,50 euros em alguns estabelecimentos. Daniel Serra, presidente da ProVar, afirmou que “muitos cafés e pastelarias, que até agora resistiram a aumentar os preços devido à concorrência, serão obrigados a fazê-lo.”
Apesar dos aumentos esperados nos bens essenciais e outros serviços, há sinais de estabilidade em alguns setores. No entanto, os consumidores devem continuar atentos às suas escolhas, ajustando os hábitos de consumo às mudanças no mercado.
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