O Presidente Vladimir Putin é o principal rosto da invasão da Ucrânia, mas o seu núcleo duro é composto por várias personalidades, incluindo uma mulher, que não só apoiam o líder russo como estão ao comando da guerra.
Apesar de todo o Ocidente estar unido contra a ofensiva russa na Ucrânia e nas críticas duras à atuação de Vladimir Putin, o chefe de Estado da Rússia tem a seu lado um grupo de várias figuras leais. Em última circunstância, a responsabilidade da guerra na Ucrânia será sempre do líder russo, mas muitos estão a seu lado e até ao comando da invasão.
O círculo íntimo do Presidente é conhecido como Siloviki (“durões” em tradução livre), mas há um trio que se destaca e que é composto por Nikolai Patrushev, Alexander Bortnikov e Sergei Naryshkin. Saiba quem é quem.
SERGEI SHOIGU, MINISTRO DA DEFESA
Não só é amigo pessoal de Putin, com quem partilha momentos de lazer como viagens de caça e pesca na Sibéria, como tem estado sempre ao lado do Presidente russo. É, aliás, apontado como um possível sucessor de Putin.
Tornou-se mais conhecido com a invasão da Crimeia em 2014. Nessa altura, estava ao comando da agência de inteligência militar GRU, acusada do ataque em Salisbury (Reino Unido) em 2018 contra o ex-espião duplo de origem russa Serguei Skripal e a filha Yulia, e do ataque quase fatal contra o líder da oposição Alexei Navalny na Sibéria, em 2020.
O escritor e especialista em segurança russo Andrei Soldatov acredita, citado pela BBC, que o ministro da Defesa é a voz com mais influência em Putin.
VALERY GERASIMOV, CHEFE GENERAL DAS FORÇAS ARMADAS
A sua função era invadir a Ucrânia e fazê-lo o mais rápido possível, embora pareça não estar a ser bem sucedido. Há até relatos de que terá passado para segundo plano logo após o início da invasão e das notícias das primeiras baixas militares russas.
Desempenhou um papel importante nas ações militares de Putin, nomeadamente na guerra da Chechénia em 1999, na invasão da Crimeia, e mais recentemente no planeamento da invasão militar da Ucrânia tendo supervisionado os exercícios militares, no mês passado, na Bielorrússia.
Surge quase sempre de rosto fechado, não é homem de muitos sorrisos.
NIKOLAI PATRUSHEV, SECRETÁRIO DO CONSELHO DE SEGURANÇA
O professor de política internacional, Ben Noble, descreve-o à BBC como “o falcão mais agressivo, que considera que o Ocidente está há anos atrás da Rússia”.
É uma das três personalidades mais leais a Putin, de quem está ao lado desde a década de 70. Poucos têm tanta influência sobre o Presidente russo como Patrushev. Trabalhou com Putin na antiga KGB e substituiu o chefe da organização sucessora, a FSB, de 1999 a 2008.
Poucos dias antes da invasão da Ucrânia, na reunião do Conselho de Segurança, afirmou que o “objetivo concreto” dos Estados Unidos era o desmembramento da Rússia.
ALEXANDER BORTNIKOV, DIRETOR DO SERVIÇO FEDERAL DE SEGURANÇA
Observadores do Kremlin acreditam que o Presidente Putin confia mais nas informações que lhe chegam da FSB (antiga KGB) do que em qualquer outra fonte, além de que Bortnikov é um dos membros do trio mais leal a Putin.
Veterano da KGB, foi quem substituiu Patrushev na liderança da FSB, organização com muita influência em outros serviços, nomeadamente as forças especiais russas.
SERGEI NARYSHKIN, CHEFE DO SERVIÇO DE INTELIGÊNCIA ESTRANGEIRA (SVR)
Naryshkin completa o trio leal a Putin, estando ao lado do Presidente russo durante grande parte da sua carreira. É quem dirige a Sociedade Histórica russa e, na opinião do escritor e especialista russo em segurança Andrei Soldatov, mostrou ser muito importante ao fornecer a Putin bases ideológicas para sustentar as suas incursões militares.
“É incrivelmente legal e controlado”, acrescenta o professor Ben Noble à BBC.
SERGEI LAVROV, MINISTRO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS
É há vários anos, o diplomata russo mais conhecido no mundo, apesar de não ter, segundo consta, uma papel relevante na tomada de decisões, nomeadamente no que diz respeito à invasão da Ucrânia. Com 71 anos, é a prova viva de que Putin confia muito em figuras do passado.
Considerado astuto, rude e hostil, Lavrov tentou recentemente ridicularizar a homóloga britânica, Liz Truss, sobre o seu conhecimento da geografia russa e fez o mesmo, no ano passado, ao tentar humilhar o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell.
VALENTINA MATVIYENKO, PRESIDENTE DO CONSELHO DA FEDERAÇÃO
É o único rosto feminino da comitiva de Putin. Foi Matviyenko quem recebeu e supervisionou a votação do pedido feito pelo Presidente russo para a mobilização de tropas fora do país, o primeiro passo rumo à invasão da Ucrânia.
Também participou nas ações militares que levaram à anexação da Crimeia, mas não fará parte do núcleo duro para a tomada de decisões. O seu papel pode ser apenas ‘show-off’, ou seja, mostrar que grandes decisões são alvo de discussões sérias e ponderadas, quando na prática já foram decididas por Putin.
VIKTOR ZOLOTOV, DIRETOR DA GUARDA NACIONAL (ROSGVARDIA)
Antigo guarda-costas do Presidente é agora quem comanda a Rosgvardia (Guarda nacional russa), formada por Putin há seis anos e que mais não é do que uma espécie de exército pessoal ao estilo da guarda pretoriana do império romano. Dela fazem parte cerca de 400 mil elementos, e ao escolher Zolotov para comandá-los Putin garante que lhe são leais.
Segundo a BBC, o plano da invasão russa seria que a Rosgvardia assumisse a operação na Ucrânia. Mas como não correu como previsto e como a Guarda nacional não tem experiência militar, não entraram em ação.
Nesta lista constam apenas as figuras principais que Putin ouve ou que usa para determinadas manobras. Mas há outros nomes a ter em conta, como é o caso do primeiro-ministro Mikhail Mishustin que tem agora a função de enfrentar as pesadas sanções impostas pelo Ocidente, o autarca de Moscovo, Sergei Sobyanin, e o chairman da petrolífera estatal Rosneft, Igor Sechin.
- Texto: SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL