Num mundo onde a ciência avança a passos largos, há quem veja na tecnologia uma ferramenta para desafiar os limites da natureza humana. Bryan Johnson, milionário norte-americano e empreendedor da indústria tecnológica, é um exemplo dessa ambição. Aos 47 anos, lançou-se numa cruzada pessoal para travar o envelhecimento, aspirando a regressar ao vigor biológico de um jovem de 18 anos. A sua jornada, documentada em “Imortal: O homem que quer viver para sempre”, disponível na Netflix, explora os extremos a que está disposto a ir para alcançar esse objetivo, incluindo a promoção de produtos, como garrafas de azeite, que se alinham com a sua filosofia de vida.
Uma rotina rigorosa e incomum
A rotina diária de Johnson vai muito além de práticas comuns de saúde. Esforços como adotar uma alimentação equilibrada ou manter uma prática regular de exercício físico são apenas o ponto de partida. O empresário transformou a sua casa numa clínica de alta tecnologia, onde realiza análises constantes a biomarcadores, segue terapias genéticas experimentais e mantém uma dieta vegan estritamente controlada com menos de 2000 calorias diárias.
Além disso, Johnson toma 54 comprimidos por dia, evita álcool e açúcares de forma absoluta, e submete-se a tratamentos com luz infravermelha. Estas medidas fazem parte de um plano abrangente para “neutralizar” o envelhecimento e atingir um estado físico otimizado.
Práticas controversas e investimentos milionários
Entre as abordagens mais polémicas está a troca de plasma sanguíneo com o próprio filho, uma técnica que suscita questões éticas e científicas. Para manter este estilo de vida, Johnson investe cerca de 10 milhões de dólares por ano (aproximadamente 9,5 milhões de euros), aplicados em tratamentos e tecnologias. Os resultados das análises e progressos são frequentemente partilhados publicamente, segundo ele, em prol da transparência.
Ceticismo da comunidade científica
Apesar da disciplina extrema, a comunidade científica mantém-se cética em relação às práticas de Johnson. Vadim Gladyshev, professor de medicina em Harvard, ouvido no documentário, declarou: “Não é ciência, é apenas atenção”. Críticos apontam que as práticas podem ser vistas como um culto à juventude, mais alinhadas com estratégias de marketing do que com avanços médicos concretos.
Embora não tenha formação médica, Johnson promove produtos que se alinham com a sua imagem de “biohacker”. Entre eles estão garrafas de azeite anti-envelhecimento, vendidas na Amazon, que, segundo o Jornal de Notícias, custam 33 euros por unidade de 750 ml.
O documentário e a representação de Johnson
O documentário, realizado por Chris Smith, foca-se nos detalhes da rotina de Johnson, mas não consegue humanizá-lo. Bryan é retratado como alguém cuja vida é inteiramente guiada por algoritmos e análises, deixando para segundo plano as relações pessoais e os prazeres simples da vida.
Uma reflexão sobre os limites da ciência
A história de Bryan Johnson aborda os limites da ciência e da tecnologia na luta contra o envelhecimento. Investir tantos recursos e sacrificar a espontaneidade humana para prolongar a vida revela os dilemas éticos e as prioridades estabelecidas por esta busca.
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