A mulher de João Rendeiro foi detida esta quarta-feira, no âmbito de um mandado de detenção num processo instaurado pelo Ministério Público por suspeita de crimes relacionados com as obras de arte apreendidas ao ex-banqueiro.
As autoridades acreditam que há perigo de fuga da parte de Maria de Jesus Rendeiro, uma vez que o marido está em parte incerta, fugido à justiça.
“Por se ter considerado existir um forte perigo de fuga, para a aquisição e conservação da prova e para a descoberta da verdade, contra uma suspeita foram emitidos e cumpridos mandados de detenção para ser apresentada, no prazo de 48 horas, a primeiro interrogatório judicial com vista à aplicação de medidas de coação adequadas”, diz o comunicado emitido pelo DCIAP.
Na SIC Notícias, o jornalista Luís Garriapa esclareceu quais os crimes que podem estar em causa.
As autoridades realizaram esta quarta-feira buscas ao ex-motorista de João Rendeiro, Florêncio Almeida, por suspeitas do crime de branqueamento e descaminho.
Ao que a SIC apurou, foram realizadas mais de uma dezena de buscas domiciliárias, entre as quais à casa do presidente da Antral, Florêncio Almeida, e do filho – ex-motorista de Rendeiro -, ambos com o mesmo nome.
Também a casa de João Rendeiro e o apartamento comprado pelo ex-motorista, ambos na Quinta Patino, foram alvo de buscas.
Dezenas de elementos da Polícia Judiciária e do DCIAP estão a participar nas 17 buscas.
MULHER DE JOÃO RENDEIRO EM TRIBUNAL PARA EXPLICAÇÕES SOBRE OBRAS DE ARTE ARRESTADAS
Maria de Jesus Rendeiro é a fiel depositária da coleção arrestada há mais de 10 anos.
O jornalista da SIC Diogo Torres explica que há “cerca de três ou quatro semanas, as autoridades encontraram grande parte das obras” em casa de João Rendeiro, “mas não todas”.
MULHER DE RENDEIRO ALEGOU NÃO TER “CONDIÇÕES PSICOLÓGICAS” PARA PRESTAR DECLARAÇÕES
Na audiência, a mulher do ex-presidente do BPP João Rendeiro escusou-se a prestar declarações sobre o paradeiro das obras de arte de que é fiel depositária, alegando não ter “condições psicológicas” para o fazer.
A advogada de Maria de Jesus Rendeiro disse, na sessão, que a sua cliente não queria prestar declarações, até porque à margem deste processo deverá correr um processo-crime. Nesse processo, Maria de Jesus Rendeiro poderá ser acusada do crime de descaminho, devido a faltarem obras de arte que estavam à sua guarda.
A juíza Tânia Loureiro Gomes insistiu que este processo não é crime e que Maria de Jesus Rendeiro não é arguida, sendo ouvida como fiel depositária das obras, mas a defesa insistiu que não deveriam ser prestadas declarações.
A juíza ainda fez perguntas à mulher de Rendeiro, mas a resposta foi de que não tinha condições para falar.
“Não estou em condições psicológicas, […] peço muita desculpa”, disse Maria de Jesus Rendeiro, com uma voz muito emocionada. Fora do tribunal, a mulher de Rendeiro também não quis prestar declarações aos jornalistas.
A juíza considerou então que o tribunal reparou que Maria de Jesus Rendeiro “não está em condições psicológicas ou emocionais de prestar declarações”.
– Notícia da SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL