A vida, por vezes, conduz-nos por caminhos que nunca imaginamos percorrer. Este relato, trazido pelo jornal Público, expõe a situação de José Velho, de 51 anos e licenciado em Direito, que está prestes a viver uma dessas reviravoltas surpreendentes. Ele e a sua noiva, da mesma idade, estão prestes a embarcar numa jornada que os levará de Vila Nova de Gaia para o Algarve. A razão? Uma nova carreira que promete proporcionar-lhes um modesto salário de 900 euros por mês.
Para muitos, esta mudança de vida seria uma decisão difícil de entender, especialmente para alguém com a experiência e a educação jurídica de José.
O Ministério da Justiça anunciou recentemente a contratação de 200 novos funcionários judiciais, com início previsto para 1 de setembro.
O que torna a história de José notável é o facto de que ele e a sua noiva não conseguiram uma única colocação no Norte do país, onde residem.
“Não houve uma única colocação no Norte para primeiras vagas e mesmo no Centro só houve uma ou duas”, referiu José ao jornal acima citado.
No Centro, as vagas foram igualmente escassas, com apenas uma ou duas disponíveis. José ficou em 25.º lugar no ranking nacional, mas isso não foi suficiente para garantir uma posição mais próxima de casa.
O casal não tomou esta decisão precipitadamente. Avaliaram cuidadosamente se valeria a pena financeiramente fazer esta mudança, dada a diferença no custo de vida entre as regiões. Talvez não seja a escolha mais vantajosa em termos financeiros, mas estão determinados a enfrentar este desafio juntos, como uma equipa.
José e noiva estão a explorar Tavira em busca de um local para se estabelecerem nos tempos que se avizinham, conscientes de que terão de desembolsar, no mínimo, seiscentos ou setecentos euros por um apartamento T1. Enquanto ela conseguiu uma colocação nesta cidade, ele enfrentará o desafio de trabalhar no tribunal de Vila Real de Santo António.
Quem foi colocado no Algarve tem direito a um subsídio de fixação de 125 euros, um pequeno incentivo que aumenta para 205 euros nas colocações nas regiões autónomas. É importante destacar que os 900 euros mencionados já incluem esta parcela.
José lamenta, contudo, que o Estado português não valorize devidamente os seus recursos humanos, oferecendo um salário relativamente baixo para uma função que exige uma licenciatura em Direito apenas para a admissão ao concurso.
A história de José e da sua noiva é um reflexo das complexidades e desafios que muitos profissionais enfrentam ao procurarem oportunidades de emprego num mercado cada vez mais competitivo. As suas decisões são motivadas pela necessidade de sustentar as suas vidas e seguir em frente, mesmo que isso signifique aventurar-se em territórios desconhecidos.
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