Questão:
“Existem evidências de que o glifosato seja potencialmente cancerígeno?”
A DECO responde…
A UE renovou por mais cinco anos a licença para utilização do glifosato. Trata-se de um princípio activo classificado como potencialmente cancerígeno pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Cancro. É utilizado em herbicidas como o Roundup gel e o Resolva 24 horas da Syngenta.
Cinquenta e três por cento do solo agrícola nacional contém glifosato e a agravar a situação, a seca severa e as condições do solo ardido este ano contribuirão para a espalhar o glifosato e os seus compostos por zonas onde não existiam em níveis significativos até agora.
Somos contra a decisão da UE e já manifestámos a nossa posição ao Ministério da Agricultura. Na nossa carta, salientámos um documento assinado por 100 cientistas, enviado à UE, que consideram “cientificamente fraudulentas” as conclusões da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA). A EFSA concluiu que o glifosato não tem potencial cancerígeno. Mas o grupo de cientistas questiona os estudos usados pela Autoridade Europeia para chegar àquela conclusão.
Também chamámos a atenção do Ministério da Agricultura para os Monsanto Papers, que alegam que a empresa Monsanto (fabricante do Roundup gel) influenciou estudos e cientistas que produziram análises positivas sobre o glifosato.
Na nossa carta, pedimos aos representantes portugueses que votassem contra o prolongamento da utilização do glifosato. Defendemos ainda a criação de um prazo de três anos para que a substância seja progressivamente substituída por soluções ambientalmente seguras. Consideramos que as alternativas ao glifosato não estão a ser correctamente divulgadas e explicadas aos agricultores. Cabe ao Ministério da Agricultura inverter essa situação e acelerar o processo de substituição do glifosato.
A classificação de potencialmente cancerígeno significa que há evidência científica limitada de que é cancerígeno para os humanos, mas provas suficientes de que causa cancro nos animais de laboratório. A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Cancro, da Organização Mundial da Saúde, baseou esta classificação em estudos sobre a exposição de pessoas ao glifosato durante atividades agrícolas que mostraram que o glifosato pode causar cancro (linfoma não-Hodgkin). Estes estudos foram feitos nos Estados Unidos, Canadá e Suécia, desde 2001. Em paralelo, a mesma agência reuniu provas de que o glifosato pode causar cancro a animais de laboratório.