O Guia Salarial da Hays Portugal, divulgado esta terça-feira, revelou que o setor farmacêutico é atualmente o mais atrativo em termos salariais para profissionais em início de carreira. De acordo com o relatório, um diretor de unidade de negócio na indústria farmacêutica, com até cinco anos de experiência, pode receber até 100 mil euros brutos anuais, o equivalente a cerca de 7143 euros mensais. Estes salários representam um aumento de 88% face ao salário mínimo nacional.
O estudo, citado pelo jornal Expresso, pretende oferecer uma referência para os salários que as empresas deverão praticar em 2025, numa altura em que a competitividade pelo talento qualificado se intensifica. Além do setor farmacêutico, destacam-se também as áreas da tecnologia, comunicação, marketing e logística, com salários anuais que variam entre 77 mil e 90 mil euros para cargos de topo, como líderes de desenvolvimento de software e líderes tecnológicos.
As Ciências da Vida, que incluem áreas como as ciências farmacêuticas e a gestão hospitalar, são outro setor que apresenta remunerações elevadas. Na tecnologia, por exemplo, um líder de desenvolvimento de software poderá ganhar uma média de 90 mil euros brutos anuais, enquanto um líder tecnológico tem perspetivas de remuneração média de 80 mil euros por ano. Estes valores refletem uma crescente valorização dos profissionais altamente qualificados nestas áreas.
Por outro lado, e segundo a Sapo 24, os setores de contabilidade, marketing, comunicação, indústria e logística apresentam salários anuais que variam entre 40 mil e 75 mil euros. Paula Batista, diretora-geral da Hays Portugal, afirmou ao Expresso que existe uma tendência para o aumento destes valores: “a pressão das empresas para contratar talento parece estar a intensificar-se”.
A especialista alerta as empresas para a necessidade de adaptarem as suas estratégias de atração e retenção de talento. “As organizações que queiram atrair os melhores talentos devem ser proativas e rápidas na sua abordagem, ajustando-se às expectativas salariais e oferecendo pacotes de benefícios atrativos a profissionais que, cada vez mais, são seletivos em relação às suas escolhas profissionais”, sublinhou.
No entanto, o inquérito também evidencia alguns desafios no mercado de trabalho. Apesar de 59% dos empregadores estarem focados na retenção de talento e em políticas de recursos humanos, 24% apontam a escassez de profissionais qualificados como uma barreira significativa, enquanto 22% mencionam dificuldades no recrutamento como um entrave ao cumprimento dos seus objetivos.
Além disso, muitos profissionais continuam a abandonar as suas funções devido à insatisfação com as condições oferecidas. De acordo com o relatório, 30% dos trabalhadores que mudaram de emprego no último ano fizeram-no por falta de progressão na carreira, 29% por questões salariais e 19% devido a um mau relacionamento com a direção ou a benefícios desalinhados com as suas necessidades.
A desvalorização salarial é um ponto crítico, com 62% dos inquiridos a considerarem que os seus salários não estão à altura das suas responsabilidades. Paula Batista acredita que este descontentamento acabará por aumentar a pressão para uma subida geral dos salários e para a melhoria dos pacotes de benefícios oferecidos pelas empresas.
Apesar disso, nem todas as organizações estão a planear aumentos significativos. O relatório revela que 14,4% das empresas não tencionam atualizar salários em 2025, enquanto 46% preveem aumentos que variam entre 2,5% e 5%, um valor ligeiramente superior à inflação esperada para o país.
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