Mário Moutinho, presidente do Comité internacional da Museologia Social Conselho Internacional dos Museus (SOMUS-ICOM), enviou às redações um apelo em favor de Emanuel Sancho, diretor do Museu do Traje de São Brás de Alportel, afastado da instituição no passado mês de setembro.
“Só em liberdade os Museus podem ser verdadeiros instrumentos de mudança. Desde há muito que o Museu do Traje de São Brás de Alportel usa esta frase como mote para a sua caminhada no sentido de ser cada vez mais um espaço de democracia, de liberdade e de empoderamento das comunidades”, começa por referir Mário Moutinho.
“Ironicamente, o Senhor Provedor da Santa Casa da Misericórdia de São Brás de Alportel, que tutela o Museu, sentiu-se incomodado quando a frase surgiu na página de Internet do Museu”, vinca.
“Na verdade, há vários tipos de museus”, afirma Mário Moutinho, acrescentando que “há os que obedecem cegamente aos ditames vindos de cima com reverência. São obedientes, repetem até à exaustão os feitos do passado. Limitam-se a ser as “salas de visita” das localidades. Não arriscam. O poder instalado gosta destes museus. São decorativos, exaltam os nossos próprios feitos, entretêm a população com bailes e divertimentos e assim afastam as pessoas de pensamentos incómodos como política, democracia, liberdade, mudança…. Só que alguns dos museus ambicionam ser muito mais do que isso”.
“Como assinalou e bem o Sr. Padre José da Cunha Duarte há dias em carta tornada pública, é sinal de bom senso resolver na base do diálogo os problemas, que por vezes, são apenas mal-entendidos de ordem menor”, considera o professor doutor Mário Moutinho.
“O trabalho do Diretor do Museu do Traje, Emanuel Sancho, é reconhecido pela comunidade museológica nacional e internacional como exemplar. É também um trabalho que dignifica a Santa Casa da Misericórdia de São Brás de Alportel”, destaca.
“Emanuel Sancho, em vez de ser apoiado e elogiado pela Direção da Santa Casa da Misericórdia de São Brás de Alportel, é cerceado no seu próprio trabalho, é impedido de continuar a orientar o Museu que com competência profissional, amor e dedicação soube construir ao longo de anos”, refere.
Na minha qualidade de presidente do Comité internacional da Museologia Social, do Conselho Internacional dos Museus (SOMUS-ICOM), apelo pois “ao bom senso e ao diálogo, para que as dificuldades sejam ultrapassadas, com base na justiça e mútuo respeito pelas partes envolvidas”.
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