O diretor do Museu do Traje de São Brás de Alportel (Algarve) aguarda nota de culpa para se defender da acusação de “um grave ato de difamação” feita pela Santa Casa da Misericórdia local.
“Ainda não recebi qualquer nota de culpa […]. Eu tenho um advogado e estamos a preparar a defesa, mas sem saber concretamente do que é que somos acusados”, disse Emanuel Sancho à agência Lusa.
A mesa administrativa da Misericórdia de São Brás de Alportel suspendeu o diretor do Museu do Traje local, instaurou-lhe um processo disciplinar e apresentou uma queixa-crime, acusando-o de “um grave ato de difamação”, informava em comunicado, em 23 de setembro último, a instituição.
“Decorre uma suspensão do trabalho, uma suspensão que tem o objetivo de despedimento e durante este tempo não recebi qualquer nota de culpa, portanto não sei” o que se passa, insiste Emanuel Sancho.
O diretor suspenso afirma que sempre atuou em defesa do Museu do Traje de São Brás de Alportel e da Casa da Cultura António Bentes, onde o museu está integrado, organizações que fazem parte da Santa Casa da Misericórdia de São Brás de Alportel.
“A minha atuação foi nesse sentido, foi sempre defender o museu, consciente de que, defendendo o museu, eu estou a defender a própria Santa Casa da Misericórdia”, disse.
A administração da Misericórdia de São Brás Alportel alega no comunicado que o diretor difundiu uma mensagem de correio eletrónico, com proveniência da caixa principal de ’email’ do museu, com base “na interpretação errónea de um extrato bancário” acerca de uma verba, não especificada, que terá sido colocada em “depósito a prazo”.
“Devido a uma gestão controversa e a constantes comportamentos desadequados para com a mesa administrativa da Santa Casa da Misericórdia, que culminou com o que consideramos um infeliz e muito grave ato de difamação desta Misericórdia, por meio oficial, por parte do diretor do Museu, vimo-nos confrontados com a necessidade de tomar uma atitude que muito lamentamos”, frisa a mesa administrativa.
Emanuel Sancho afirma que os museus, para serem “verdadeiros instrumentos de atuação nas suas comunidades e instrumentos de mudança, precisam de ter autonomia”, não podendo ser “só veículos de publicidade das suas tutelas”, sejam elas misericórdias ou câmaras municipais.
Entretanto, o diretor suspenso tem recebido o apoio e a solidariedade de várias entidades, como a Associação Portuguesa de Museologia.
A Lusa tentou, sem ter ainda conseguido, falar com a direção da Santa Casa da Misericórdia de São Brás de Alportel.
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