Uma piscicultura em Castro Marim está a introduzir a corvina na sua produção, numa parceria com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que visa diversificar as espécies criadas em aquacultura, informou o proprietário.
André Cabrita, da Atlanticfish, é um dos produtores que recebeu os juvenis fornecidos pela estação piloto de piscicultura de Olhão, tutelada pelo IPMA, e explicou à agência Lusa que fez nos tanques em Castro Marim “a engorda das corvinas até ao seu tamanho comercial”.
A Lusa visitou a exploração no dia em que, segundo André Cabrita, se estava “a encerrar o processo” e se fez “a pesca para a sua comercialização”, num processo semelhante ao que já é feito com a dourada e o robalo e que rendeu à empresa um total de 150 toneladas no ano anterior.
“As corvinas chegaram aqui há dois anos, com cerca de 30 gramas, e hoje estamos a pescá-las com um a 1,2 quilogramas. É uma espécie nova, ainda tem o seu caminho a percorrer”, considerou o responsável da piscicultura, sublinhando que “foi a primeira vez” que a empresa fez produção de corvina e tem também outro tanque destinado ao sargo.
André Cabrita explicou que a corvina “tem bons crescimentos a elevadas temperaturas”, mas “essa realidade não se verifica o ano todo” e aqui “entrará a parte do IPMA”, para com a sua investigação “saber se é a parte da genética, se é a parte mais do maneio”, que tem “a solução para que a produção seja maior e seja uma espécie de maior interesse”.
“Todo este trabalho é feito em parceria, cada um com o seu papel. O IPMA com o papel de investigação e de trazer para a indústria novos conhecimentos e abordagens, e depois a indústria tem o de pegar nesses conhecimentos e tecnologia desenvolvida, aplicá-la, testá-la e validar a sua aplicabilidade económica e prática”, acrescentou.
Pedro Pousão Ferreira, director da estação piloto de piscicultura de Olhão do IPMA, disse à Lusa que a corvina é uma espécie que se procura “introduzir comercialmente nesta actividade” para diversificar a produção tradicional em aquacultura feita no sul do mediterrâneo e “baseada na dourada e no robalo”.
“A Europa e Portugal têm de produzir mais em aquacultura e procuramos novas espécies para a actividade”, advertiu, acrescentando que houve uma “aposta forte na corvina” porque “tem um bom crescimento, uma boa resistência, um sabor óptimo e é bem conhecida de toda a gente”.
Pedro Pousão Ferreira disse que a corvina “tem ainda a vantagem de, ao crescer mais rápido, permitir filetar e fazer outro tipo de apresentações que, com a dourada e o robalo, se tornam demasiado caras”.
“Conseguimos uma corvina de dois/três quilogramas ao fim de dois/três anos e podemos processá-la de uma forma a ter todo o tipo dessas apresentações”, frisou, acrescentando que tem uma espécie com as mesmas potencialidades do salmão e que pode, por exemplo, ser vendida em posta ou filetes.
(Agência Lusa)