O mexilhão do Mediterrâneo produzido em mar aberto, junto à Ilha da Armona, pela Companhia das Pescarias do Algarve, vai ter um selo azul impresso no rótulo que o identifica como produto ambientalmente sustentável, anunciou a empresa.
A companhia, a mais antiga do sector em Portugal, fundada em 1835, obteve a certificação internacional na produção da espécie mexilhão do Mediterrâneo após um processo que demorou dez meses, conduzido pela organização sem fins lucrativos Marine Stewardship Council (MSC), mas validado por especialistas independentes.
Em conferência de imprensa, a directora da MSC para a Península Ibérica disse que a certificação só é atribuída mediante o cumprimento de alguns critérios, nomeadamente, o estado do ‘stock’, o facto de a espécie certificada dever estar integrada numa população selvagem, ser alimentada naturalmente e os impactos no habitat serem reduzidos.
“O facto de [o cultivo de mexilhão] decorrer em mar aberto e com um fundo de areia leva a que os detritos causados pelos mexilhões sejam levados pelas correntes marítimas, não causando impactos negativos”, disse Laura Rodriguez, sublinhando que em Portugal apenas a pescaria da sardinha recebeu a distinção agora atribuída ao mexilhão do Mediterrâneo.
A Companhia das Pescarias do Algarve (CPA) detém os direitos de exploração de 14 lotes da zona de produção aquícola da Armona, no Algarve, sendo que 90% da sua produção é mexilhão destinado aos mercados português, espanhol, francês e belga.
A empresa prepara-se agora para iniciar a exploração de mais 16 lotes frente a Monte Gordo (Vila Real de Santo António).
Certificação pode abrir portas a novos mercados
Segundo Cátia Meira, do departamento de Comunicação do certificador, a vantagem de o produto ostentar este rótulo é o facto de os consumidores com consciência ambiental poderem procurá-lo, sendo que é em países como a Alemanha, Suíça, Inglaterra, Estados Unidos e Canadá onde o consumidor “está mais consciente”.
O administrador da CPA, Jorge Farinha, disse acreditar que esta certificação pode abrir portas a novos mercados, sobretudo em países onde os consumidores “são mais exigentes”, mas para tal é preciso terminar a construção de uma fábrica para congelação do produto, o que permitirá enviá-lo, congelado, para países mais distantes.
A empresa trabalha actualmente apenas com marisco fresco, cuja durabilidade permite alcançar países como a Bélgica ou a França, mas quando a nova unidade estiver pronta, o que Jorge Farinha acredita que aconteça a meio do próximo ano, será possível chegar, por exemplo, ao Brasil e aos Estados Unidos.
Actualmente, a companhia produz duas mil toneladas de mexilhão por ano, mas espera duplicar a produção em 2015 e quadruplicar em 2016, para as oito mil toneladas, só na área de produção aquícola da Armona.
Quando a nova área de produção em Monte Gordo começar a laborar, a produção de mexilhão pela CPA pode alcançar, em 2017, as 16 mil toneladas por ano, estimou Jorge Farinha.
A MSC é uma organização mundial independente, sem fins lucrativos, cujo objectivo é proteger a saúde dos oceanos e os recursos marinhos através de um programa de certificação internacional, que premeia as pescarias que o fazem de formas sustentáveis e são responsáveis com os recursos marinhos.
(Agência Lusa)