A Oceano Fresco, pioneira em aquicultura de bivalves, anunciou esta terça-feira um investimento de 6,1 milhões de euros, permitindo a expansão internacional da empresa que prevê atingir, em 2030, a comercialização de 24 mil toneladas de amêijoa.
A empresa, sediada na Nazaré, anunciou a conclusão da sua série B de investimento, com uma verba de 6,1 milhões de euros, “uma das maiores até hoje no setor”, na ronda coliderada pelo fundo holandês de aquicultura sustentável Aqua-Spark, e pela Semapa NEXT, o ‘braço’ de capital de risco do Grupo Semapa.
A Oceano Fresco, S.A., fundada em 2015, que se apresenta como líder no setor das amêijoas, ”através da utilização de ferramentas avançadas e de uma abordagem de melhoramento contínuo das espécies baseada na ciência”, havia já sido contemplada em rondas de investimento anteriores, lideradas pela BlueCrow Capital, e que permitiram à empresa a construção um centro biomarinho (incluindo maternidade) na Nazaré, no distrito de Leiria, e a criação do primeiro viveiro de amêijoas, em mar aberto, ao largo do Algarve.
Com este investimento, a empresa prepara-se para entrar numa nova fase, com o lançamento “em larga escala” das suas operações comerciais, “começando com variedades de espécies ‘premium’ de amêijoas nativas da Europa”, divulgou a empresa em comunicado.
A quantidade de amêijoa comercializada “irá aumentar anualmente através do esforço de melhoria contínua da atividade comercial e de cultivo”, disse à agência Lusa o fundador e presidente executivo (CEO) da Oceano Fresco, Bernardo Ferreira de Carvalho, concretizando que a empresa irá “começar em 2022 com cerca de 250 toneladas, subindo para 5.000 toneladas a meio da década, com uma ambição de atingir 24.000 toneladas em 2030”.
Tanto mais que, acrescentou, “existe uma grande escassez de oferta de amêijoas no mercado, especialmente as espécies nativas como a amêijoa boa e amêijoa macha”, estando a Oceano Fresco a “planear aumentos graduais de produção para responder a esta escassez”.
De acordo com o mesmo responsável, o investimento de 6,1 milhões de euros será parcialmente usado para financiar a construção da primeira infraestrutura de armazenamento e embalamento, com capacidade para “armazenar 60 toneladas” e que servirá para “garantir um fornecimento fiável ao longo do ano”.
O objetivo da empresa é garantir aos clientes que conseguirá “entregar as quantidades, calibres e espécies nos dias e horas acordados”, por forma a que estes “deixem de se preocupar com a fiabilidade do fornecimento de amêijoas porque passam a ter um fornecedor fiável”.
A expansão da empresa começará por focar-se em Espanha e Portugal, visando o estabelecimento de “um negócio à escala global”, em que se seguirão, na Europa, países como a Itália e, “num plano secundário, França, Bélgica e Holanda, seguidos de outros países”, explicou o CEO, convicto de que, além deste continente, “há uma oportunidade a explorar no sudeste asiático e outras regiões do mundo”.
Citado no comunicado, Bernardo Ferreira de Carvalho sublinha o entusiasmo de “ter com a Oceano Fresco investidores tão experientes e reputados como a AquaSpark e a Semapa NEXT”, considerando que ambos partilham a visão da empresa “sobre alimentação sustentável e a importância da inovação para a concretizar”.
A Semapa NEXT tem como missão apoiar “equipas excecionais que estão a mudar o mundo”, e atua como um parceiro, de longo prazo, disponibilizando “capital paciente e trazendo uma mistura de experiência empreendedora, operacional e financeira aos investimentos”, pode ler-se no comunicado.
Já a missão da Aqua-Spark é a de” transformar o setor global da aquicultura numa indústria mais saudável, mais sustentável e mais acessível”, refere o documento sobre o fundo de investimento lançado em 2014 e que investe em empresas de toda a cadeia de valor da aquicultura, abrangendo operações de cultivo, ingredientes alternativos, tecnologias de combate a doenças, e produtos de aquicultura para venda ao consumidor.
Desde 2015, o fundo já investiu em 21 Pequenas e Médias Empresas (PME) complementares entre si e conta atualmente com 200 milhões em ativos sob gestão, dedicados a investimentos em elementos da indústria de aquicultura que tornarão o cultivo de espécies marinhas mais sustentável.
Governo investe 87 milhões de euros em seis centros de investigação e desenvolvimento para economia do mar
O Governo vai investir 87 milhões de euros em centros de investigação e de desenvolvimento de produtos para a economia do mar no Algarve, Lisboa, Oeiras, Peniche, Aveiro e Porto, disse esta terça-feira, em Peniche, o ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos.
O “Hub Azul”, com financiamento de 87 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), “são infraestruturas para instalar no Algarve, Peniche, Aveiro, Porto e uma parte mais central em Lisboa e Oeiras para desenvolver as grandes tecnologias e promover a ligação entre as academias e as indústrias e os empreendedores em contextos da biotecnologia azul, das energias oceânicas, robótica submarina, das engenharias, construção naval”, afirmou Ricardo Serrão Santos.
O governante, que falava na abertura da Expo Fish Portugal, a primeira feira internacional virtual de pescado fresco ou transformado, explicou que o investimento visa “potenciar o setor da transformação do pescado e a biotecnologia” e promover uma maior ligação entre a investigação científica e as indústrias do setor.
Mais do que centros de investigação, o ministro disse que vão ser “centros de produção de produtos na parte da biotecnologia azul, para aumentar o número de patentes nacionais”.
Neste momento, estão a ser formados consórcios e os anúncios vão ser lançados em janeiro.
O “Hub Azul, Rede de Infraestruturas para a Economia Azul”, vai ter infraestruturas (novas e existentes) costeiras com acesso à água, laboratórios e zonas de teste, locais para prototipagem, scale-up pré e industrial e espaço de incubação e alavancagem de empresas, criando “uma plataforma física e virtual em rede para dinamizar a bioeconomia azul e outras áreas emergentes da economia do mar descarbonizante em Portugal e na Europa”.
Este “Hub Azul” pressupõe ainda “uma estreita ligação às universidades nacionais, principalmente às escolas com formação superior direcionada para o mar, e aos centros de formação profissional do mar”.