A greve dos trabalhadores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) contra a reestruturação do serviço já gerou enormes filas no aeroporto de Lisboa a 7 de maio, ainda com a operação aérea reduzida a mínimos, e o pré-anuncio de mais greves destes funcionários “pode vir a arruinar o verão” num momento em que o turismo em Portugal prepara o relançamento após tempos duros vividos com a pandemia covid-19, segundo adverte a Associação Portuguesa de Agências de Viagens e de Turismo (APAVT).
Segundo a APAVT, o pré-anúncio de greves dos funcionários do SEF nos aeroportos nacionais, entregue pelo Sindicato dos Inspetores de Investigação, Fiscalização e Fronteiras (SIIFF) ao Governo, constitui “uma óbvia ameaça económica contra Portugal, no preciso momento em que a recuperação do turismo dá os primeiros passos neste novo ciclo da crise pandémica, com os principais mercados emissores de olhos postos no nosso país”.
A principal preocupação reside nos turistas britânicos, mercado que de momento representa uma forte esperança para o sector em Portugal, que foi contemplado na primeira lista verde para os seus cidadãos do país poderem fazer viagens sem a necessidade de cumprir quarentenas ao regressar, desde 17 de maio. No entanto, o Reino Unido passou a ser um país terceiro face à União Europeia.
O presidente da associação das agências de viagens, Pedro Costa Ferreira, frisa que “o simples pré-anúncio de greve nos aeroportos dos Açores, Madeira, Faro ou Lisboa está já a levantar muitas questões dos principais operadores estrangeiros, designadamente do mercado britânico, que se considera como uma das tábuas de salvação na nossa atividade”.
O sindicato que representa os trabalhadores do SEF entregou ao Governo pré-avisos de greve de 1 a 15 de junho entre as 5h e as 9h da manhã no aeroporto de Lisboa, e entre as 9h e as 12 h no aeroporto de Faro. No caso do aeroporto da Madeira, os pré-avisos de greve incidem a 31 de maio, além dos dias 7, 14, 21 e 28 de junho, entre as 9h e as 12h.
“Ainda que por tempo e horários limitados, trata-se de uma ameaça que provoca a desconfiança dos mercados emissores para Portugal e cada dia que passar sem que seja desconvocada produzirá efeitos negativos irrecuperáveis nas reservas turísticas”, adverte o responsável da APAVT.
Sem querer “opinar sobre as razões da greve e sua eventual justiça”, a associação das agências de viagens apela “à rápida resolução do conflito, sem o que todos, as partes em disputa e todo o país turístico e economia nacional, sairão a perder”.
“Mais de um ano após o início da pandemia covid-19, com todas as empresas do sector praticamente paralisadas, é inqualificável um aproveitamento desta natureza”, considera a APAVT, reiterando que a paralisação dos funcionários do SEF nos aeroportos pode trazer “nefastas consequências que ultrapassam uma classe profissional para atingirem o sector de turismo no seu todo e, como tal, a economia de Portugal”.
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso