É com a voz embargada pela emoção que Isabel Vicente, proprietária do restaurante Estaminé, na ilha Deserta, no Algarve desabafa: “Isto é o ressurgir de um sonho”. E justifica-se, agora mais animada, dizendo que as obras estão praticamente concluídas, como se pode confirmar, nas fotos enviadas para o Boa Cama Boa Mesa. “Só falta tratar dos últimos detalhes, afinar a carta e abrir as portas”. O que, deseja, deve acontecer na primeira quinzena de agosto. Recorde-se que na madrugada de 3 de março o restaurante, todo em madeira e única construção na ilha Deserta, ficou reduzido a cinzas na sequência de um violento incêndio.
Sempre com a tragédia na memória, Isabel Vicente reanima-se: “estamos na fase de finalização de detalhes, que são muito importantes para o eficiente funcionamento de um edifício tão complexo como o do Estaminé”. Afinal de contas é “uma estrutura autossuficiente”, onde “as questões da sustentabilidade e ecológicas, que desde sempre nos caracterizaram, irão brevemente completar o processo de reconstrução”.
Entrando em detalhes, o novo Estaminé, assume Isabel Vicente, terá “alimentação elétrica 100% garantida por painéis solares, com zero emissões de carbono”, sendo o problema do esgoto o mais difícil de resolver, uma vez que “é importante relembrar que estamos na ilha Deserta, e que este é um sistema bastante minucioso e de enorme importância funcional e ecológica”. Vão ainda, revela, apostar num “sistema de dessalinização da água do mar e purificação por osmose inversa”. A água resultante deste processo “será a que futuramente irá chegar à mesa dos nossos clientes”.
Quanto à ementa, afinal de contas, um dos motivos que levam os clientes a atravessar a Ria Formosa até à ilha Deserta, “vai-se manter, no essencial, igual ao que era antes do incêndio, havendo sempre espaço para uma ou duas novidades, com as quais queremos surpreender”, assume Isabel Vicente. “A nossa cozinha”, garante, “vai continuar a estar apoiada na grelha e num fogão a energia solar e a servir cozinha local, baseada nos peixes e mariscos”. Na edição de 2020 do guia Boa Cama Boa Mesa, recomendava-se a salada de estopeta de atum como a melhor forma de começar, enquanto se escolhia da vitrina a seleção de peixes frescos que se pretendia para almoço. Deixava-se (e deixa-se para a reabertura), especial atenção para as propostas de tacho (preço médio €25). O restante menu pode ser consultado aqui.
Enquanto não for possível apanhar o barco da Animaris para chegar ao Estaminé (Ilha da Barreta/Ilha Deserta. Tel. 917811856), há sempre a possibilidade de recordar os sabores ali servidos, antes do incêndio, no Santa Maria Petisca Ria, na Marina de Faro (Passeio Abu Said Ibn Harune, Faro. Tel. 289823036), dos mesmos proprietários. Há gaspacho assado com salada montanheira e pão frito (€4), polvo à galega (€8,50), rissol de berbigão (€1) e muxama de atum com maionese de ostra (€8) e ainda tiborna de cavala fumada com rábano e algas (€7) para começar, feijoada de lingueirão servida com arroz (€12,50), ou um rabo de boi, feito num longo refogado em redução de vinho tinto, acompanhado de arroz (€19), como prato principal. Para algo diferente, prove os pregos de cogumelo Portobello, rúcula e BBQ de milho (€8), ou o de polvo, cebola frita e maionese de alho assado (€9).
Pode recordar AQUI a reportagem da SIC Notícias sobre o incêndio, e leia aqui por que razão o Estaminé era um dos restaurantes de praia de referência no Algarve. Em 2014 foi peça central numa reportagem do programa Boa Cama Boa Mesa na SIC Notícias.
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Notícia exclusiva do “Boa Cama Boa Mesa” do nosso parceiro Expresso