Os dados divulgados esta segunda-feira pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) traduzem uma nova descida, a sétima consecutiva, do desemprego registado em território nacional, medido pelo número de inscritos nos serviços públicos de emprego do país.
O mês de Outubro fechou com 351.667 pessoas desempregadas, um número que fica 12,9% (-51.887) abaixo do verificado no mesmo mês de 2020 sendo também 2,1% (-7481) inferior ao apurado em setembro deste ano.
Os indicadores dos últimos meses, reforçados pelos dados agora conhecidos, mostram que o mercado de trabalho está progressivamente a recuperar dos impactos da pandemia. Há atualmente 108 (39%) concelhos do país onde o número de desempregados inscritos nos centros de emprego locais já é inferior ao registado em fevereiro de 2020, último mês livre dos impactos da pandemia. Mostramos-lhe neste artigo quais.
O número de desempregados que em outubro estavam inscritos nos centros de emprego do país é o mais baixo desde março de 2020 e traduz a sétima descida em cadeia, ou seja face ao mês anterior, dos indicadores do desemprego registado. É o resultado do progressivo desconfinamento da economia que tem gerado impacto positivo no mercado de trabalho.
Os do último mês mostram que o desemprego registado desceu em praticamente todas as regiões do país, em termos homólogos, com exceção do Alentejo. O maior recuo foi, no entanto, verificado na região do Algarve, onde o desemprego registado ficou nos 28,1% abaixo do contabilizado há um ano, e da Madeira com menos 19,3% desempregados inscritos do que em outubro de 2020.
Considerando a análise mensal realizada pelo Expresso à evolução do desemprego por concelhos durante a pandemia de Covid-19 – realizada também com base nos indicadores mensalmente divulgados pelo IEFP, mas tendo como referência o mês de fevereiro de 2020, o último totalmente livre dos efeitos da crise pandémica -, a região do Algarve lidera a recuperação do desemprego registado contabilizando em outubro deste ano menos 1.857 desempregados inscritos nos centros de emprego do que fevereiro do ano passado, o equivalente a recuo de quase 10% no desemprego registado.
Nas restantes regiões do continente – o IEFP não fornece dados desagregados do desemprego registado por concelhos para as regiões autónomas – o caminho ainda é de recuperação. A região de Lisboa e Vale do Tejo mantém-se o caso mais preocupante com um número de desempregados registados (118.237) que ainda é 28% (25.779 pessoas) superior ao que registava no período pré-pandemia.
A segunda posição da lista é ocupada pela região Norte do país, onde o desemprego registado se mantém ainda 8,7% (mais 10.798 inscritos) acima do registado em fevereiro de 2020 e, por último, a região Centro que conta mais 4,5% (1.887) desempregados registados do que antes do início da pandemia, em fevereiro de 2020.
VARIAÇÃO DO DESEMPREGO DURANTE A PANDEMIA
108 CONCELHOS JÁ TÊM DESEMPREGO ABAIXO DO PRÉ-PANDEMIA
Em outubro, 108 (cerca de 39%) dos 278 concelhos do continente, já registavam um número de desempregados inscritos nos centros de emprego inferior ao contabilizado em fevereiro de 2020. A liderar esta recuperação estão, por exemplo, concelhos como Vila do Bispo, Arronches, Monforte onde o número de inscritos recuou 49%, 48% e 40%, respetivamente.
Esse não é, contudo, o panorama da maioria dos concelhos do país. Considerando apenas o continente (por ausência de dados para as regiões autónomas), a análise do Expresso mostra que 61% dos concelhos do continente ainda têm níveis de desemprego registado acima do pré-crise. Os casos mais problemáticos são Redondo, Odivelas e Sobral de Monte Agraço, com um número de inscritos que se mantém 80%, 61% e 60% acima do registado em fevereiro de 2020 (ver ranking).
DESEMPREGO REGISTADO POR CONCELHO
A síntese estatística do IEFP conhecida esta semana sinaliza que para o recuo do desemprego registado em outubro, face ao mês homólogo de 2020, terão contribuído “os grupos dos indivíduos que estão inscritos há menos de um ano (-80 389), os indivíduos que procuram novo emprego (-52 039) e os com idade igual ou superior a 25 anos (-41 967)”.
Em termos setoriais, o desemprego registado recuou em termos homólogos na maioria dos setores de atividade. A maior redução (26,5%) foi verificada na “indústria do couro e dos produtos do couro”; “alojamento, restauração e similares” (-25,6%); “fabrico do equipamento informático, elétrico, máquinas e equipamentos” (-21,0%) e “indústria do vestuário”(-20,8%), aponta o IEFP.
Ao contrário do que sucedeu em setembro, no último mês, o número de novas inscrições recuou e o de ofertas publicadas aumentou. Os dados esta semana divulgados pelo IEFP mostram que em outubro se inscreveram nos centros de emprego 44.168 desempregados, menos 11.078 (20,1%) do que no mesmo mês do ano passado e menos 4.798 (-9,8%) do que as novas inscrições registadas em setembro deste ano. Já as ofertas de emprego recebidas ao longo deste mês totalizaram 12.889, número superior ao do mês homólogo de 2020 (+1.433; +12,5%), porém, inferior ao mês anterior(-1.526; -10,6%).
– Notícia do Expresso, jornal parceiro do POSTAL