O pagamento de preços mais elevados à produção, mas com valores ainda aquém do necessário para o negócio ser rentável, e menos quantidade de fruta produzida perfazem o balanço que produtores algarvios fazem da actual campanha de citrinos.
Segundo responsáveis de empresas que agrupam produtores de citrinos no Algarve, ouvidos pela Lusa, o negócio “está melhor do que no ano passado”, mas os preços rondam os 20 cêntimos por quilo pagos ao produtor e que esse valor é muito próximo dos custos de produção.
“Neste momento, o negócio, em termos da comercialização de citrinos, comparativamente com o ano passado, está substancialmente melhor. Ainda não está num ponto que se possa dizer que é de equilíbrio para as nossas necessidades, mas, comparativamente com o que tínhamos do último ano, estamos substancialmente mais equilibrados”, afirmou Pedro Madeira, gerente da Frusoal, Frutas do Sotavento do Algarve.
Falta de água preocupa citricultores
Quanto ao ano agrícola, Pedro Madeira disse que está a ser “muito complicado em termos de água”, porque “o Algarve está muito abaixo das suas necessidades” e “os citrinos estão-se a ressentir com isso, não só em termos da sua qualidade externa, como a nível de calibre, de produções”.
O gerente da Frusoal, que em 2015 facturou 14,5 milhões de euros, recordou que no ano passado os produtores fizeram “todo o ano em negativo, com excepção da segunda metade da campanha de Verão”, e sublinhou que este ano os preços pagos ao produtor estão “muito em cima da linha de água”.
“Qualquer negócio que funcione na linha de água não é um negócio que tenha grandes perspectivas de futuro. Para perspectivarmos um futuro, temos que ter um negócio minimamente rentável, porque as pessoas investirem para voltarem a ter o mesmo, umas vezes virem abaixo, outras à linha de água… é um negócio que tem tendência a esgotar-se”, advertiu.
Horácio Ferreira, da Cooperativa Agrícola de Citricultores do Algarve (CACIAL), referiu que a produção poderia ser melhor em termos de quantidade, porque os dias húmidos e sem chuva fizeram muita fruta cair das árvores e diminuiu as quantidades de produção.
“O facto de as temperaturas só agora terem descido, mas anteriormente estarem altas, provocou um avanço na maturação da fruta, o que leva a que tenhamos de acelerar um pouco as variedades. Mas para o produtor está um bocadinho melhor do que no ano passado”, afirmou.
Segundo Horácio Ferreira, a fruta está “na casa dos 20/22 cêntimos ao produtor” e esse é um “preço mais elevado do que no ano passado”, mas há uma menor quantidade de produção e, por isso, o aumento do preço pode não ter tanta influência como a desejada.
“Mas a campanha passada foi pior”, repetiu.
(Agência Lusa)