A saída de Portugal da “lista verde” de viagens para o Reino Unido causou um “pico” de cerca de 10.000 saídas do aeroporto de Faro no sábado, esperando-se hoje uma descida, disse o presidente do Turismo do Algarve.
“Ontem [sábado] houve uma concentração de cerca de 10.000 passageiros britânicos para sair, mas é interessante também perceber que, no mesmo período, chegaram 2.500. Portanto, apesar das regras britânicas, ainda há britânicos a chegar ao Algarve”, afirmou João Fernandes à agência Lusa.
O presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA) reconheceu que “houve alguns constrangimentos pontuais no aeroporto” de Faro devido ao aumento de tráfego com destino ao Reino Unido por parte de passageiros que procuraram regressar antes de terça-feira, dia em que entre em vigor a saída de Portugal da “lista verde” de viagens devido à pandemia de covid-19.
João Fernandes explicou que os passageiros, “muitos deles britânicos”, se viram obrigados a “antecipar o regresso para chegar ao país antes de terça-feira” e escapar assim à obrigatoriedade de realizar uma quarentena de 10 dias e dois testes à covid-19 nesse período devido à medida imposta pelo Governo britânico a todos os passageiros que cheguem ao Reino Unido proveniente de Portugal.
O presidente da RTA explicou que a afluência que gerou concentrações na zona de ‘check-in’, sobretudo nos voos com destino ao Reino Unido, “hoje está mais calma” e “há menos passageiros a regressar do que ontem [sábado], que foi o pico dessa afluência”.
João Fernandes apontou dois motivos para justificar a acumulação na zona de ‘check-in’: um relacionado com os recursos humanos disponibilizados pelas companhias aéreas e outro com a falta de preenchimento de formulários exigido pelo Reino Unido.
“Com estes ziguezagueares do Governo britânico, [as companhias aéreas] não disponibilizaram e não têm recursos humanos para abrir muitos guichês, portanto, concentram as filas em poucos pontos de ‘check-in’”, argumentou.
O outro motivo prende-se com os passageiros que chegam ao ‘check-in’ e “não têm o ‘Passenger Location Form’, que é uma informação que é preciso submeter a uma plataforma on-line com um código específico, que é uma obrigação que o Governo britânico requer para entrar no Reino Unido”, referiu João Fernandes.
“Muitos passageiros, sobretudo os mais velhos, que são infoexcluídos, não têm até telemóvel desta última geração e têm dificuldade em cumprir. Chegam ao ‘check-in’ e demoram mais tempo porque precisam de preencher” o formulário, acrescentou.
As autoridades algarvias também aumentaram a capacidade de testagem à covid-19 no aeroporto de Faro e em vários pontos da região, “sobretudo ao fim de semana”, e têm sensibilizado os turistas, tanto nas chegadas como durante as suas estadias nos hotéis, para fazerem os testes antes de rumar ao aeroporto para apanhar os voos de regresso.
“Ontem [sábado] já foi reforçado com um camião para testar pessoas no aeroporto”, destacou João Fernandes, assegurando “não há ninguém que tenha ficado por embarcar por falta de teste”.
Quantos aos voos de repatriamento, João Fernandes disse que as companhias aéreas e operadores turísticos têm vindo a reforçar a capacidade de resposta consoante a procura de viagens de regresso ao Reino Unido e apontou o exemplo da Tui, que “trouxe um Boeing 787, com capacidade para 300 passageiros”, para poder repatriar mais pessoas antes de terça-feira.
A decisão britânica de excluir Portugal da “lista verde” de viagens foi tomada na quinta-feira e suscitou críticas do setor turístico, que se preparava para um aumento das reservas e da procura de turistas provenientes do Reino Unido, depois de, a 17 de maio, o Governo britânico ter tomada a decisão contrária, abrindo as viagens com destino a Portugal.