A Associação do Comércio e Serviços da Região do Algarve (ACRAL) pediu esta quarta-feira ao Governo que adote medidas, como criar centros de testagem, para ajudar a fazer frente às restrições anunciadas para conter a pandemia de covid-19.
As restrições para conter a pandemia anunciadas na terça-feira pelo primeiro-ministro, António Costa, incluem medidas que “afetam mais diretamente o setor de comércio e serviços, com a obrigatoriedade de apresentação de teste negativo no acesso à generalidade dos estabelecimentos comerciais”, e vão ter um “impacto profundo na economia dos empresários” devido a uma “diminuição da procura por parte de clientes”, justificou a ACRAL.
Embora considere que “é compreensível e aceitável” a adoção de novas restrições devido ao “sistemático aumento do número de casos” de covid-19, a associação empresarial algarvia pediu a adoção de “medidas e iniciativas imediatas por parte do Governo” para ajudar os empresários a ultrapassar as restrições no acesso de clientes aos seus negócios.
“Para minimizar o inevitável efeito de tais medidas, necessário se torna que o Governo e as autarquias, imediatamente, adotem um conjunto de iniciativas que, cumprindo o desiderato pretendido, não convoquem os empresários para mais um calvário sem retorno”, afirmou o presidente da ACRAL, Miguel Morgado Henriques, citado num comunicado da associação.
Perante este cenário, a ACRAL considera que é “absolutamente essencial a criação de postos de testagem nos centros da cidade, próximos dos locais mais frequentados e procurados pelas pessoas”, porque “só assim se poderá evitar que estas deixem de se deslocar aos locais pretendidos”.
“Imperioso seria, igualmente, que os testes gratuitos suportados pelo Estado pudessem ser feitos nestes centros de testagem e não apenas nos locais e empresas aderentes, que limitam fisicamente o acesso”, propôs.
A mesma fonte argumentou que a realização de testes funciona habitualmente em horários que “não se compadecem com diversas atividades comerciais” e, ao possibilitar a realização de testes próximo dessas áreas, “o tráfego de pessoas nas cidades não ficaria condicionado a horas e locais de testagem”.
“De salientar que a lógica subjacente às novas medidas adotadas reside não na proibição de circulação, mas no controlo seguro dessa circulação, mediante a testagem, o que parece ser correto se, simultaneamente, se criarem condições para a realização facilitada de testes”, referiu.
A ACRAL apelou também para a adoção de “medidas financeiras de apoio aos empresários que verifiquem uma diminuição acentuada nos resultados das suas atividades”, mas sem precisar quais.
A falta de adoção destas medidas pode levar “parte do setor de comércio e serviços” a “sucumbir”, porque as empresas já contabilizam um “prejuízo acumulado nos últimos dois anos” e viram ser adotada uma “recente proibição de redução de preços entre os dias 25 de dezembro de 2021 e 09 de janeiro de 2022”, que também vai originar uma “redução efetiva de vendas”, advertiu a ACRAL.
Segundo as medidas anunciadas na terça-feira pelo Governo, os espaços comerciais passam a ter uma limitação de um cliente por cada cinco metros quadrados, os clientes passam a ter de apresentar um teste negativo no acesso a hotéis e alojamentos turísticos e nos dias 24, 25, 30 e 31 de dezembro e 01 de janeiro passa também a ser obrigatório um teste negativo à covid -19 (antigénio feito em farmácia ou PCR) para acesso a restaurantes, casinos e festas de passagens ano.
Estas medidas, que incluem o teletrabalho obrigatório, o encerramento de creches ou o encerramento de discotecas e bares a partir de 25 de dezembro, anteciparam em uma semana as medidas de contenção que Governo tinha anunciado em novembro para o período entre 02 e 09 de janeiro de 2022, no qual as escolas também vão estar encerradas.
A covid-19 provocou mais de 5,35 milhões de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.812 pessoas e foram contabilizados 1.233.608 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.