De acordo com o relatório “Covid-19 – Impacto na Economia Portuguesa. Retrato do Tecido Empresarial”, se se considerar também os empresários em nome individual, o número supera as 200 mil entidades em setores com impacto alto.
Para chegar a estas conclusões, a Informa D&B, especialista em informação comercial, financeira e de risco sobre empresas, teve em conta todas as entidades ativas (empresas e empresários em nome individual) do tecido empresarial português, em abril de 2020, e analisou as 853 atividades, utilizando para a sua identificação a Classificação Nacional de Atividades Económicas (CAE).
Destas 853 atividades económicas, 204 registam impacto alto, 195 impacto médio e 454 impacto baixo, concluiu o estudo.
Porém, estas 204 atividades com impacto alto concentram cerca de um terço de todas as empresas portuguesas, sobretudo dos setores de alojamento e restauração, retalho, transportes e serviços gerais.
Alguns subsetores registam uma especial exposição aos efeitos da covid-19, nomeadamente aqueles com uma relação mais próxima com o turismo e o retalho não alimentar, como o transporte aéreo, hotéis e alojamentos, bares e restaurantes, aluguer de automóveis, agências de viagens e operadores turísticos, ou a organização de feiras e convenções.
“O impacto no conjunto da economia portuguesa será muito significativo, tendo em conta o peso do turismo no PIB [Produto Interno Bruto] nacional”, refere o documento.
Por este motivo, o Algarve e a Madeira são as regiões com maior número de empresas em setores fortemente afetados.
A análise concluiu, ainda, que o setor do comércio a retalho de produtos não alimentares será duplamente afetado pela crise: por um lado, pela suspensão da sua atividade em 18 de março, com a declaração do estado de emergência; por outro, a deterioração prevista da conjuntura económica, o aumento do desemprego e as consequências no rendimento disponível das famílias, permitem antever um comportamento desfavorável das vendas do setor nos próximos meses.
Também os setores fornecedores de bens de consumo duradouro, como móveis, eletrodomésticos ou produtos eletrónicos, tal como outros de consumo imediato, como o do têxtil/vestuário ou calçado, deverão esperar diminuição nas vendas.
Quanto às exportações, cerca de 1/4 das exportadoras e mais de 1/3 das exportações pertencem a setores fortemente afetados pela atual conjuntura económica.
O “Grande Confinamento” levou o Fundo Monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.
Para Portugal, o FMI prevê uma recessão de 8% e uma taxa de desemprego de 13,9% em 2020.
Já a Comissão Europeia estima que a economia da zona euro conheça este ano uma contração recorde de 7,7% do PIB, como resultado da pandemia da covid-19, recuperando apenas parcialmente em 2021, com um crescimento de 6,3%.
Para Portugal, Bruxelas estima uma contração da economia de 6,8%, menos grave do que a média europeia, mas projeta uma retoma em 2021 de 5,8% do PIB, abaixo da média da UE (6,1%) e da zona euro (6,3%).