A Universidade do Algarve suspendeu as suas atividades presenciais em meados de março devido à pandemia. O teletrabalho foi a solução e apenas em maio regressaram as atividades presencias, com a reabertura de serviços, biblioteca, cantinas e bares. O ensino remoto será a solução para o novo ano letivo que se aproxima? Como viverá a Universidade do Algarve (UAlg) esta nova realidade? O POSTAL falou com o reitor Paulo Águas sobre as medidas já definidas.
Quanto ao próximo ano letivo, que medidas estão previstas e quando vai ter início?
Nós alteramos o calendário previsto para 2020/21, que foi ajustado de acordo com o calendário de acesso dos estudantes do ensino secundário, que só saberão os resultados dos exames no final de setembro. Este ano as aulas começam três semanas mais tarde, portanto, na primeira semana de outubro. O início das aulas está marcado para dia 6 de outubro. É importante ressaltar que no mês de setembro teremos uma época especial de exames, apenas do segundo semestre, a que chamamos “época covid” e que será presencial.
Como será então este ano escolar em termos de horários?
O ano escolar vai ser baseado num conjunto de orientações que já foram estipuladas. O fator crítico são os horários, que ainda estão a ser construídos. Este ano, adiamos a publicação dos horários. Normalmente temos horários prontos no final de julho e os alunos começam a renovar as suas inscrições nessa altura. Este ano, as renovações vão ocorrer a partir de dia 8 de setembro. Isto, porque os alunos na altura de efetuarem a renovação da matrícula já devem saber os seus horários, que serão disponibilizados no final da primeira semana de setembro. O objetivo é que os horários procurem ter o funcionamento presencial, mas que (e isto pode parecer contraditório) procurem ter o menor número possível de estudantes em simultâneo nos campi. Como é que isso pode acontecer? Com a distribuição mais uniforme possível das aulas de segunda a sexta feira.
No passado, existia alguma concentração de aulas entre terça e quinta-feira e no início e final da semana tínhamos menos aulas. Portanto, estamos a procurar que as aulas sejam distribuídas uniformemente durante a semana e existe a possibilidade também de aulas ao sábado, de licenciaturas. Contudo, isto não é uma regra para todos os cursos, isto é uma regra para todas as unidades orgânicas e, curso a curso, irão encontrar as soluções e os alunos quando forem consultar os horários terão essa informação. Vamos ter algumas aulas à distância, não serão a maioria, mas, em termos globais da instituição, depois as percentagens podem mudar, tendo em conta a natureza do curso (mais laboratoriais ou menos laboratoriais). Teremos aulas teóricas para muitos alunos. As salas estão a funcionar com 50% da sua capacidade para respeitar as regras da Direção-Geral de Saúde. É este o sistema que iremos ter: um sistema híbrido, com a combinação de aulas presenciais e algumas aulas remotas. Iremos ter nos campi muita higienização e estamos a reforçar os doseadores de álcool gel e será obrigatório o uso de máscara. Reforçamos a segurança dos estudantes, professores e funcionários. Uma vez que abordou a questão de professores e funcionários.
Como está a situação do pessoal docente e não docente? Houve despedimentos?
Desde junho que a esmagadora maioria do pessoal está em regime presencial. Nós também sabemos que o funcionário tem funções diferentes de um professor e investigador, que fazia muito trabalho em casa, mesmo antes da pandemia surgir. Portanto, vamos ter os funcionários em regime presencial, mas vamos cumprir a lei. O que posso dizer é que já recebi cerca de 15 a 20 pedidos, devidamente documentados, em que algumas pessoas reúnem condições para solicitarem teletrabalho. Dos pedidos que recebemos, são cerca de 2% dos professores. Obviamente que esses professores irão ter as suas aulas em regime remoto.
Em termos de propinas e apoios sociais, o que nos pode avançar sobre isso?
As propinas já se encontram definidas, vão baixar para 697 euros. Foi uma decisão da Assembleia da República e consta no orçamento de Estado. Quanto às propinas dos mestrados, vão manter-se, os valores foram inclusivamente definidos antes da pandemia. Em relação a apoios sociais, os estudantes podem já realizar candidaturas à ação social. O que nos foi dito este ano é que vamos ter um maior número de alunos apoiados, ou seja, o único rendimento que dá acesso ao apoio vai ser mais. No ano passado havia pessoas que poderiam estar de fora, mas este ano vão ser incluídas.
Os alunos internacionais diminuíram ou aumentaram este ano?
Como seria de esperar, estamos com uma redução. Embora aqui seja importante distinguir duas situações: nós recrutamos para a formação inicial, que está muito concentrada no Brasil (95% dos estudantes vêm deste país). Já fechámos as inscrições e aí temos uma redução de um terço, em relação ao ano passado. Passámos de 300 inscritos para 200 inscritos. Não consideramos que seja um resultado mau, por razões que se prezem com a Universidade do Algarve, tem a ver com o contexto da pandemia. Era expectável que tivéssemos esta redução. Relativamente a mestrados, o nosso agrupamento de estudantes internacionais está mais diversificado. O que lhe posso dizer é que os números ainda não estão fechados, mas possivelmente a nível de inscrições as mudanças serão mínimas, os valores estão quase iguais.
Quanto às praxes e ao traçar das capas, existem previsões quanto à realização ou não destas atividades?
Essas atividades são definidas pelos estudantes. O que a reitoria faz é estabelecer o calendário escolar. A paragem para o Desfile do Caloiro e para a Semana Académica vai existir, com uma salvaguarda. É prematuro estar já a dizer se há condições para o Desfile do Caloiro. Caso não existam essas condições, o que irá acontecer é um despacho reitoral dizendo que há uma alteração do calendário escolar e que naquele dia há aulas. A mesma coisa irá acontecer na Semana Académica (SA). No caso da SA, haverá um diálogo com a Associação Académica (AAUlg), para além do respeito pelas medidas que estiverem na altura em vigor.
Em relação às praxes, estamos em contacto com a AAUlg, mas não tivemos ainda essa conversa. Espero que, e estou convicto disso, os estudantes irão compreender a situação e sabem aquilo que podem fazer ou não devem fazer. Vejo que um conjunto de atividades que os estudantes faziam, e não podemos alterar a realidade, faziam-no sem que houvesse autorização da reitoria. Espero que haja a racionalidade e discernimento suficientes para fazer as coisas, ou seja, que não haja praxes. Se, porventura, a AAUAlg não der passos claros nesse sentido, a reitoria terá de fazer algo. A posição aqui é aguardar e esperar que não existam decisões tomadas pela reitoria.