O Moto Clube de Faro está a assinalar, com várias atividades especiais, a época em que anualmente realiza a sua concentração internacional, uma vez que a pandemia não permitiu a realização do evento. O POSTAL entrevistou, no sábado, o presidente do moto clube e um dos seus fundadores, José Amaro.
O desfile foi cancelado no primeiro dia dos festejos da concentração. O que sentiu?
Foi um sentimento de tristeza, uma vez que tínhamos programado fazer o desfile com toda a segurança e menos motas do que é habitual. Não sei ao certo quantos participantes teríamos, mas ao não haver a concentração, o número de motas iria ser menor, logicamente. O desfile iria ter distanciamento social, com o percurso habitual e ritmo normal. Após a chegada ao ponto de partida, iriam sair grupos de cinco motos, o primeiro com uma bandeira à frente e assim, sucessivamente.
Qual foi a justificação que lhe deram?
Neste momento a pandemia serve para tudo, serve para a política e para tudo o que se pense fazer. É a pandemia que está no centro de tudo. Vamos “morrendo” por outras causas, mas a pandemia paga tudo. Em relação ao cancelamento, o principal motivo eram os ajuntamentos que poderiam ocorrer. Ou seja, os cafés estarem abertos e as pessoas irem para lá, sendo que no domingo até está quase tudo fechado. Portanto, foi uma má decisão e um mau pretexto para o cancelamento. Não iriam haver quase paragens nenhumas e as pessoas iam nas motas, com o capacete e a viseira. Mais protegido do que isso não poderia ser.
Tentou reverter a situação?
Logicamente que tentámos reverter as coisas. As autoridades limitam-se a ler o que saiu em reunião de Conselho de Ministros, sobre eventos e festas, e não têm em conta as situações locais. Acho que houve um pouco de injustiça. Não acho que seja má vontade, é apenas medo. A Câmara Municipal de Faro está com medo, a PSP e a GNR também. A Proteção Civil está com medo que exista algum foco de infeção e, dessa forma, justificam-se as medidas. Mas também não é passar do “8 para o 80”. Tem de haver algum cuidado, as pessoas têm de viver e “isto” [a economia] não pode parar. Quando o primeiro-ministro diz para se fazerem férias em Portugal (para a economia não ir abaixo) e faz restrições destas, não está a contribuir para o desenvolvimento, principalmente do Algarve. Este local vive essencialmente do turismo. Deveriam perceber a falta que fazem estes “pequenos” eventos.
O cancelamento assume-se como uma perda para a região algarvia?
Sim. Embora se saiba que a saúde está primeiro e não podemos descurar dela. Mas se isso [a concentração] colocasse em causa a saúde das pessoas, tudo bem, mas da maneira como ia ser feito, não ia causar absolutamente nada.
Para colmatar o cancelamento da concentração e, deste modo, realizar algum evento comemorativo, foi criada uma exposição…
A exposição está a decorrer no edifício da Zara. É uma exposição bonita e o espaço é agradável. Tem boas motas e bons pretextos para as pessoas a visitarem, uma vez que tem ainda uma pequena animação de rua durante a noite. No fundo, a exposição serve para marcar presença nos 39 anos e a todos os que se deslocaram a Faro, principalmente, em termos solidários. É uma forma de nos darem um abraço e dizerem que estão presentes. É preciso não esquecer que fazemos isto sem interesses, é tudo voluntariado e são muitos anos de trabalho. O sentimento das pessoas é de agradecimento ao trabalho que temos feito e é essencial a sua presença.
Devido ao cancelamento do passeio, que mensagens recebeu dos participantes habituais?
Ficaram solidários, pois compreendem as restrições que nos são impostas. Muitos estrangeiros compreendem, pois no seu país também estão condicionados. Quero, já agora, agradecer a todos os que se deslocaram aqui sabendo que não iria haver concentração.
Existe previsão de alguma atividade, mais para a frente, para “recompensar” os motociclistas por este cancelamento?
Pensámos nisso, mas enquanto não tivermos estabilização no país, não haverá nada em concreto. Temos as atividades normais do Moto- clube de Faro e esperamos que possamos avançar com o Festival de Cinema, no fim de outubro ou início de novembro.