É o valor mais baixo desde março do ano passado. Setembro fechou com 359.148 desempregados inscritos nos serviços públicos de emprego do país, sinaliza a habitual síntese estatística mensal do desemprego registado, divulgada esta semana pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).
O número traduz aquela que é a sexta descida consecutiva do desemprego em cadeia, ou seja, tendo como referência o mês anterior, contabilizando menos 9.256 (-2,5%) inscritos do que em agosto deste ano e menos 51 mil (-12,4%) do que em setembro de 2020. Apesar disso, e considerando a comparação com o último mês totalmente livre dos efeitos da pandemia, fevereiro de 2020, o país continua a registar mais 43.586 (+13,8%) desempregados registados nos centros de emprego.
O progressivo desconfinamento da economia tem gerado impacto no mercado de trabalho, materializando um recuo em cadeia do desemprego registado ao longo dos últimos seis meses. Depois de em agosto deste ano os números do IEFP terem confirmado, pela primeira vez em 15 anos, uma descida do desemprego registado no mês de agosto (tipicamente marcado pela sazonalidade), o número de inscritos nos centros de emprego voltou a recuar em setembro, na generalidade das regiões do país.
O destaque vai, contudo, para o Algarve, que regista a descida mais pronunciada, menos 23,4%, e o Alentejo, que tinha em setembro menos 18% de desempregados inscritos nos centros de emprego locais do que no mesmo mês do ano passado. Estas são, de resto, as únicas duas regiões do país onde o número de desempregados inscritos nos centros de emprego locais já está abaixo do que se verificava em fevereiro de 2020, último mês livre dos impactos da pandemia.
A análise mensal realizada pelo Expresso à evolução do desemprego por concelhos durante a pandemia de Covid-19, que o Expresso realiza com base nos indicadores mensalmente divulgados pelo IEFP, mostra que a região do Algarve contabilizava em setembro deste ano menos 2.856 desempregados inscritos nos centros de emprego do que fevereiro do ano passado, o equivalente a recuo de quase 15% no desemprego registado. Já o Alentejo traduz uma recuperação mais tímida com uma redução de 230 desempregados registados (-1,5%) face a fevereiro do ano passado.
Nas restantes regiões do continente – o IEFP não fornece dados desagregados do desemprego registado por concelhos para as regiões autónomas – o caminho ainda é de recuperação. A região de Lisboa e Vale do Tejo mantém-se o caso mais preocupante com um número de desempregados registados (122.221) que ainda é 32,2% (mais 29.763 pessoas) superior ao que registava no período pré-pandemia.
A seguir na lista está a região Norte do país, onde o desemprego registado se mantém ainda 11% (mais 11.663 inscritos) acima do registado em fevereiro de 2020 e, por último, a região Centro que conta mais 2.926 (+7%) desempregados registados do que antes do início da pandemia.
VARIAÇÃO DO DESEMPREGO DURANTE A PANDEMIA
178 CONCELHOS AINDA NÃO CONSEGUIRAM RECUPERAR
Ao longo dos últimos meses o número de concelhos do continente que têm conseguido recuperar níveis de desemprego pré-crise têm vindo a aumentar. Em setembro deste ano, de um total de 278 concelhos do continente, em 100 (36%) o número de inscritos nos centros de emprego locais já estava em níveis inferiores aos registados em fevereiro de 2020. Contudo, essa não é ainda a realidade da maioria do território nacional.
Considerando apenas o continente (por ausência de dados para as regiões autónomas), a análise do Expresso mostra que em 64% dos concelhos o número de inscritos nos centros de emprego ainda supera os contabilizados em fevereiro de 2020, período pré-Covid. Os casos mais graves são Odivelas, Redondo, Meda e Bombarral, com um número de desempregados registados que ainda se mantém mais de 60% acima do período pré-pandemia (ver ranking abaixo).
DESEMPREGO REGISTADO POR CONCELHO
Segundo os dados do IEFP, para a diminuição do desemprego registado em setembro, face ao mês homólogo de 2020, na variação absoluta, terá contribuído o grupo dos que estão inscritos há menos de um ano (-82.029), já que, em sentido inverso, o instituto contabiliza um aumento no desemprego entre os indivíduos que permanecem inscritos há um ano e mais (+31.003).
Há, no entanto, um sinal de alerta: a síntese estatística divulgada esta semana contabiliza um aumento do número de novos inscritos durante o mês. Em setembro inscreveram-se nos centros de emprego do continente 46.822 desempregados, mais 12.221 (35%) do que os que se tinham registado em agosto. A maioria das novas inscrições registadas em setembro (49,8%) foi de trabalhadores cujo contrato de trabalho não permanente terminou e não foi renovado. A seguir na lista surgem os ex-inativos (13,1%), que passaram a estar disponíveis para trabalhar e os que foram despedidos (11%).
Notícia exclusiva do parceiro do jornal Postal do Algarve: Expresso