Rogério Bacalhau, presidente da Câmara de Faro afirma que o serviço do INEM pode entrar em ruptura por falta de profissionais e exaustão das equipas que estão a fazer horas extraordinárias nas ambulâncias de Faro e Olhão.
“Os profissionais não vão aguentar muito tempo com este recurso a horas extraordinárias, primeiro porque há limites legais e depois porque o cansaço das pessoas não vai permitir que eles continuem a fazer isto”, disse Rogério Bacalhau à Lusa.
O autarca enviou esta terça-feira um ofício ao ministro da Saúde pedindo a resolução urgente da situação, seja por via de autorização do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) para contratar mais profissionais ou com o reforço das equipas através de transferência de profissionais de outros locais do país.
“A subsistência desta situação coloca em risco a assistência médica de urgência e discrimina negativamente os farenses”, lê-se no ofício enviado ao ministro da Saúde, divulgado pela Câmara de Faro.
Rogério Bacalhau frisou que a falta de profissionais nas equipas do INEM é “recorrente no Algarve” e que, “mesmo na época baixa, se houver várias ocorrências ao mesmo tempo, não há capacidade de resposta”.
As equipas em causa estavam atribuídas à ambulância sediada no Hospital de Faro e à ambulância de recém-nascidos, mas os seus turnos foram entretanto distribuídos também com uma ambulância do INEM localizada em Olhão.
Esta foi a solução proposta pelos próprios profissionais para evitar que a ambulância de Faro ficasse inactiva durante os períodos nocturnos, no mês de Dezembro, segundo um comunicado emitido no final de Novembro por um técnico de emergência pré-hospitalar do INEM.
“O INEM, para resolver esta questão, precisa que o Governo autorize a tomar medidas e é nesse sentido que mandámos um ofício para o ministro para que ele de alguma forma seja sensível e autorize o INEM a tomar as medidas necessárias à contratação de profissionais”, contou Rogério Bacalhau.
A questão tem vindo a suscitar críticas de deputados do PSD, do Bloco de Esquerda e da CDU eleitos pelo Algarve.
Segundo os deputados sociais-democratas, a equipa do INEM no Algarve tem uma insuficiência de recursos humanos de aproximadamente 40 pessoas.
O INEM tem actualmente em funcionamento 56 ambulâncias de emergência médica no continente, seis das quais na região do Algarve.
Leia abaixo o comunicado do autarca farense dirigido ao ministro da Saúde.
“É com grande preocupação que temos vindo a assistir ao desenvolvimento da situação criada em torno da ambulância do INEM estacionada no Hospital de Faro, paralisada durante a maior parte do turno nocturno no mês de Dezembro, por falta de recursos humanos.
Após as denúncias feitas pelos profissionais envolvidos nesta questão, que chegaram inclusivamente à Assembleia da República, foram anunciadas medidas pelo INEM que supostamente iriam pôr termo à triste realidade relatada.
Mas afinal, aproxima-se o Natal e o problema está longe de se encontrar resolvido. As medidas tomadas são de mero reforço das cargas horárias dos tripulantes e isso não constitui, de maneira alguma, a solução desejável e definitiva para esta debilidade.
Pelo contrário. Esta medida de cosmética não só não resolve o problema como até o agrava, pois propicia a diminuição da qualidade e da eficiência da operação, obrigando os profissionais a laborar em condições de extremo cansaço e fragilidade física e emocional.
Isto é, permita-me, não apenas pôr em risco os recursos humanos a cargo do INEM mas é, sobretudo, uma desconsideração para com a população do Concelho de Faro, que se vê privada de um atendimento de qualidade da única viatura do INEM no Município.
Vimos assim exprimir toda a nossa decepção em relação às medidas anunciadas pelo INEM que, reiteramos, mais não são do que mera cosmética.
Sr. Ministro, somos ainda a solicitar, com carácter de urgência, a tomada das medidas necessárias para impedir que a ambulância com maior atividade na região e que faz cobertura a Faro e zonas contíguas, opere em condições de sobrecarga dos seus tripulantes e demais colaboradores.
A subsistência desta situação coloca em risco a assistência médica de urgência e discrimina negativamente os farenses.
Na certeza de obter da parte de V. Exa. total compreensão em relação à nossa solicitação, fico a aguardar as suas prezadas notícias.”