A decisão de dar um telemóvel a uma criança é um dilema moderno que muitos pais enfrentam. Num mundo cada vez mais digital, onde as crianças crescem rodeadas por ecrãs, determinar a altura certa para introduzir esta tecnologia é um verdadeiro desafio.
Zach Rausch, investigador na Universidade de Nova Iorque e colaborador no livro “A Geração Ansiosa” de Jonathon Haidt, abordou esta questão numa entrevista à CNBC, fornecendo uma orientação que muitos pais poderão achar útil. Segundo Rausch, “sugerimos no livro que se atrase o primeiro telemóvel até ao ensino secundário, por volta dos 14 anos”. Esta recomendação baseia-se em estudos que mostram que a introdução precoce de telemóveis pode ter consequências negativas para as crianças, tanto a nível psicológico como social.
Entre as principais preocupações está o impacto que um telemóvel pode ter na saúde mental dos jovens. A constante conectividade e a exposição às redes sociais podem aumentar os níveis de ansiedade e criar pressões sociais desnecessárias. Além disso, o acesso irrestrito à internet pode expor as crianças a conteúdos inadequados para a sua idade, comprometendo a sua inocência e bem-estar.
Outro ponto a considerar é a interferência dos telemóveis na qualidade do sono das crianças. O uso de ecrãs antes de dormir é conhecido por afetar negativamente o ciclo de sono, algo que é crucial para o desenvolvimento saudável. A privação de sono pode, por sua vez, levar a uma série de problemas, desde dificuldades de concentração até alterações de humor.
Embora não exista uma resposta única ou definitiva, muitos especialistas concordam que adiar a introdução do telemóvel pode ser a melhor opção. “A infância é uma fase única e deve ser vivida sem as pressões e distrações que um telemóvel pode trazer”, sublinha Rausch. Prolongar este período sem a interferência de dispositivos móveis pode permitir que as crianças desenvolvam outras habilidades sociais e cognitivas, essenciais para o seu crescimento.
Assim, enquanto a tentação de dar um telemóvel cedo pode ser grande, especialmente quando muitas outras crianças já têm o seu, é importante considerar os potenciais impactos a longo prazo. A decisão final deve sempre ter em conta o bem-estar e a maturidade da criança, assegurando que a introdução desta tecnologia se faz no momento certo, para que possa ser uma ferramenta útil e não uma fonte de stress ou distração.
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